Universo inteiro vai evaporar - mas vai demorar muito
Radiação Hawking
Sim, nós já sabíamos que o
Universo inteiro vai evaporar, uma descoberta feita em 2023 por três
pesquisadores da Universidade de Radboud, nos Países Baixos.
Ilustração do destino fatal de tudo o que há no Universo: A evaporação final. [Imagem: Daniëlle Futselaar/artsource.nl]
A novidade é que ele vai evaporar
muito mais rápido do que pensávamos - ainda que "rápido" não seja um
termo exatamente aplicável para algo que vai demorar tanto.
Tudo começou com Stephen Hawking,
que percebeu que, se um par partícula-antipartícula vier à existência perto do
horizonte de eventos de um buraco negro, o campo gravitacional descomunal pode
desfazer esse par, deixando um dos membros cair no buraco negro, enquanto o
outro escapa - e partículas e antipartículas emergem do vácuo quântico o tempo
todo.
Essa é a famosa evaporação do
buraco negro, que quebrou a noção anterior de que nada poderia escapar desses
monstros devoradores de mundos - sim, isso contradiz a teoria da relatividade
de Albert Einstein, que diz que buracos negros só podem crescer. O material que
escapa é conhecido como radiação Hawking, uma espécie de "brilho dos
buracos negros".
Então, há cerca de dois anos,
Heino Falcke, Michael Wondrak e Walter van Suijlekom descobriram duas coisas
importantes. A primeira é que as novas partículas também podem ser criadas
muito além do horizonte de eventos. E isso levou à segunda constatação: A
emissão da radiação Hawking não se aplica apenas aos buracos negros, mas a
praticamente tudo no Universo, das estrelas ao corpo humano. Ou seja, o
Universo inteiro, tudo o mais se mantendo constante, vai evaporar, ou decair,
como chamam os físicos.
Naquela ocasião, o trio calculou
que o processo de decaimento do Universo levaria 101.100 anos. Agora eles
ajustaram alguns detalhes naqueles cálculos e chegaram a um número bem menor,
por volta de 1078 anos.
Esquema do mecanismo de produção de partículas gravitacionais em um espaço-tempo de Schwarzschild. [Imagem: Michael F. Wondrak et al. - 10.48550/arXiv.2305.18521]
Evaporação do Universo
Após a publicação de sua teoria
original, os pesquisadores receberam muitas perguntas de dentro e de fora da
comunidade científica, envolvendo sobretudo quanto tempo o processo levaria. O
novo artigo publicado agora tentou principalmente responder a essa pergunta.
De modo um tanto surpreendente,
as estrelas de nêutrons e os buracos negros estelares levam o mesmo tempo para
decair: 1067 anos. Isso é inesperado porque os buracos negros têm um campo
gravitacional mais forte, o que deveria fazer com que evaporassem mais
rapidamente. "Mas os buracos negros não têm superfície," disse
Michael Wondrak. "Eles reabsorvem parte de sua própria radiação, o que
inibe o processo."
Eles também calcularam quanto
tempo leva para a Lua e um ser humano evaporarem por meio de radiação
semelhante à de Hawking. São 1090 anos, um tempo tão longo que não vem ao caso
em termos práticos, já que existem outros processos que fazem com que os humanos,
a Lua e até a Terra desapareçam mais rápido do que isso.
Finalmente, o fim do Universo foi
estimado para daqui a cerca de 1078 anos se levarmos em conta apenas a radiação
do tipo Hawking. Este é o tempo que as estrelas anãs brancas, os corpos
celestes mais persistentes, levarão para decair devido à radiação Hawking.
"Ao fazer esse tipo de
pergunta e analisar casos extremos, queremos entender melhor a teoria e, talvez
um dia, possamos desvendar o mistério da radiação Hawking," disse o
professor Walter van Suijlekom.
Inovacaotecnologica.com.br


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