As misteriosas galáxias ''pequenos pontos vermelhos'' podem ter uma explicação para sua origem

Essas galáxias minúsculas podem ter nascido com pouco giro, permitindo que o gás se concentrasse em seus centros 

O universo jovem está cheio de pequenos pontos vermelhos, e agora os cientistas podem ter descoberto como essas galáxias peculiares surgiram: elas nasceram quase sem girar

Galáxias compactas avermelhadas (seis mostradas nestas imagens do Telescópio Espacial James Webb), conhecidas como pequenos pontos vermelhos, podem ter se originado em halos de matéria escura de rotação lenta, afirmam astrônomos. Dale Kocevski/Colby College, STScI/NASA, ESA, CSA

Os “pequenos pontos vermelhos” eram completamente desconhecidos até serem encontrados pelo Telescópio Espacial James Webb. Esse telescópio revelou uma espécie de galáxia minúscula que existiu quando o universo tinha entre 640 milhões e 1,5 bilhão de anos. Essas galáxias são muito compactas porque quase não giravam quando começaram a se formar, segundo um estudo dos astrônomos Fabio Pacucci e Avi Loeb, da Universidade de Harvard. O artigo foi enviado ao site arXiv.org em 3 de junho e aceito pela revista *Astrophysical Journal Letters*.

Como essas galáxias existiram há tanto tempo, elas podem ser uma pista importante para entender como as galáxias evoluíram. “Elas são realmente impressionantes”, diz Pacucci. Como o nome sugere, os pontos vermelhos são muito pequenos: metade da luz que emitem vem de uma região com apenas cerca de mil anos-luz de diâmetro. Para comparação, isso é apenas uma fração do tamanho da nossa galáxia, a Via Láctea.

A cor vermelha pode vir de poeira e gás, que deixam a luz mais avermelhada, assim como o pôr do sol fica vermelho na Terra por causa da atmosfera. A cor também pode ser resultado de estrelas gigantes vermelhas. Além disso, essas galáxias parecem ainda mais vermelhas para nós porque a luz delas viajou por mais de 12 bilhões de anos. Durante esse tempo, o universo se expandiu, esticando as ondas de luz e tornando-as mais vermelhas.

Existem duas ideias principais para explicar o que são os pequenos pontos vermelhos, mas ambas têm problemas. A primeira ideia sugere que buracos negros supermassivos estão no centro dessas galáxias, engolindo gás. Esse gás giraria tão rápido ao redor do buraco negro que ficaria quente e emitiria muita luz. O problema? Gás quente também deveria emitir raios X, mas nenhum telescópio detectou isso.

A segunda ideia diz que os pontos vermelhos são formados por bilhões de estrelas brilhando juntas. O problema aqui é que essas estrelas teriam que estar extremamente apertadas, algo nunca visto antes. Para ter uma ideia, seria como comparar uma sala de estar com uma pessoa sozinha (como é na nossa parte da Via Láctea) com a mesma sala lotada com 1 bilhão de pessoas.

O novo estudo não decide qual dessas ideias está correta. Na verdade, os dois astrônomos têm opiniões diferentes

Pacucci acredita nos buracos negros, enquanto Loeb acha que talvez não haja buracos negros, já que não foram vistos raios X.

Em vez de dizer o que são os pontos, Pacucci e Loeb explicam como eles podem ter surgido. No início do universo, partículas de matéria escura se atraíram pela gravidade, formando grupos chamados halos. Com o tempo, esses halos se juntaram, ficando maiores e atraindo gás, que formava estrelas e criava galáxias brilhantes.

Os halos de matéria escura giram em diferentes velocidades. Os pequenos pontos vermelhos, segundo os astrônomos, vieram dos halos que giravam muito lentamente, entre os 1% mais lentos. Em halos que giram rápido, a força centrífuga espalha as estrelas e o gás. Já nos halos mais lentos, o gás precisa se contrair muito mais para equilibrar a gravidade, explica Loeb. É por isso que os pontos vermelhos são tão pequenos.

A baixa velocidade de rotação também explica por que essas galáxias existiram naquela época. Provavelmente, elas eram ainda mais comuns em tempos ainda mais antigos, quando as galáxias eram menores. Mas esses pontos vermelhos mais antigos são tão fracos que nenhum telescópio os detectou ainda. Mais tarde, eles se tornaram raros, porque as galáxias, em geral, cresceram.

“Eu gosto desse estudo porque ele dá uma ideia clara que pode ser testada com observações”, diz o astrônomo Michael Boylan-Kolchin, da Universidade do Texas em Austin.

Um teste possível é usar o Telescópio James Webb para fazer observações mais longas. Se a teoria estiver certa, o telescópio deve encontrar muitos pontos vermelhos tão fracos e distantes que existiram menos de 640 milhões de anos após o nascimento do universo.

Além disso, “prevemos que esses pontos devem estar em ambientes especiais, onde não há muita força de torção sobre essas galáxias”, diz Loeb. Por exemplo, não deveríamos encontrar galáxias grandes perto deles, porque essas galáxias teriam acelerado os halos de matéria escura, criando galáxias espalhadas em vez de pontos compactos.

Os pequenos pontos vermelhos devem estar agrupados em ambientes calmos, onde todos os halos giravam lentamente e não eram perturbados por halos mais rápidos. Já há pistas de que esses pontos tendem a estar próximos uns dos outros. Se mais estudos confirmarem isso, a expressão “conectar os pontos? pode ganhar um significado cósmico.

Terrarara.com.br

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