Nova temporada de Encontrada matéria perdida do Universo
Matéria perdida do Universo
O assunto da "matéria
perdida do Universo" é antigo e um tanto constrangedor para os físicos e
suas teorias. E as soluções para ele têm-se mantido controversas ao longo do
tempo.
Esta impressão artística (sem
escala) ilustra o caminho de uma explosão rápida de rádio de uma galáxia
distante onde se originou até a Terra. [Imagem: ESO/M. Kornmesser]
Primeiro o problema: Pelo modelo
cosmológico padrão, 70% do Universo é formado por energia escura (que não
sabemos o que é), 25% por matéria escura (que nunca encontramos) e 5% pela
matéria comum, formada pelos átomos da tabela periódica. O problema é que, até
agora, os astrônomos conseguiram detectar apenas 50% desses 5% da chamada
matéria bariônica, o que levou à criação do termo "matéria perdida do
Universo" - é essa lista de "desconhecimentos" que é
constrangedora.
Algumas partes da matéria perdida
têm sido identificadas há anos, mas em 2016 surgiu uma proposta deveras
interessante, graças à descoberta das rajadas rápidas de rádio (RRR, ou FRB na
sigla em inglês para Fast Radio Burst).
A causa desses flashes ainda é um
mistério, mas os astrofísicos se deram conta de que rajadas rápidas de rádio
podem ser usadas para pesar o Universo e, portanto, para localizar partes de
matéria nunca antes identificadas. Como, ao viajar até a Terra, essas ondas de
rádio atravessam toda a matéria no caminho, incluindo a poeira cósmica, a
visualização da galáxia e o monitoramento de cada FRB permite calcular a
matéria presente no caminho.
O primeiro estudo a usar as
rajadas rápidas para detectar a matéria perdida foi contestado porque a rajada
usada não exatamente o que os astrônomos propuseram a princípio, mas Liam
Connor e colegas do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian deixaram de
lado os detalhes de cada FRB em particular, optando por dar uma chance às
probabilidades - usando muitas delas.
Há fortes indícios de que as rajadas rápidas de rádio se originem em fontes magnéticas. [Imagem: Danielle Futselaar/ASTRON]
Onde está a matéria
perdida do Universo?
Em vez de se basear em uma única
FRB, a equipe pegou nada menos do que 60 delas, variando de 11,74 milhões de
anos-luz de distância (FRB20200120E na galáxia M81) a 9,1 bilhões de anos-luz
de distância (FRB 20230521B, a mais distante já registrada). Isso permitiu que
eles calculassem a matéria bariônica presente entre as galáxias, no chamado
meio intergaláctico.
Ao medir o quanto cada sinal de
FRB era desacelerado ao passar pelo espaço, a equipe rastreou o gás ao longo de
sua jornada. "As FRBs funcionam como lanternas cósmicas," explicou
Connor. "Elas brilham através da névoa do meio intergaláctico e, medindo
com precisão como a luz desacelera, podemos avaliar essa névoa, mesmo quando
ela está muito fraca para ser vista."
"O 'problema dos bárions
perdidos', que já dura décadas, nunca foi sobre a existência da matéria,"
comentou Connor. "Sempre foi: Onde ela está? Agora, graças às FRBs,
sabemos: Três quartos dela estão flutuando entre galáxias na teia cósmica."
Os resultados são robustos:
Aproximadamente 76% da matéria bariônica do Universo encontra-se no meio
intergaláctico. Cerca de 15% está nos halos em torno das galáxias e uma pequena
fração está enterrada nas estrelas ou em meio ao gás galáctico frio. Essa
distribuição está de acordo com as previsões de simulações cosmológicas, mas
nunca havia sido confirmada diretamente até agora.
Ainda há muitos mistérios envolvendo as FRBs. [Imagem: Daniëlle Futselaar/ASTRON/HST]
Pontos a atar
Encontrar os bárions
desaparecidos não é apenas um exercício de construir um livro de endereços ou
fazer um censo da matéria. Sua distribuição contém a chave para desvendar
fenômenos cruciais - como as galáxias se formam, como a matéria se aglomera no
Universo e como a luz viaja por bilhões de anos-luz, por exemplo.
"Os bárions são puxados para
dentro das galáxias pela gravidade, mas buracos negros supermassivos e estrelas
que explodem podem expulsá-los de volta - como um termostato cósmico resfriando
as coisas se a temperatura ficar muito alta," disse Connor. "Nossos
resultados mostram que essa retroalimentação deve ser eficiente, expulsando gás
das galáxias para o meio intergaláctico."
A aposta dos astrofísicos
continua agora na busca por mais FRBs, para aumentar a significância dos seus
cálculos. Mas ainda há pontas soltas a serem atadas: Além de não sabermos o que
causa essas enormes explosões de energia, existe uma relação, conhecida como
relação de Macquart, que propõe que, quanto mais distante se encontrar uma
FRBs, mais gás difuso ela revelará entre as galáxias - mas nem todas as FRBs
obedecem a essa regra.
Inovação Tecnológica



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