Supertelescópio com maior câmera digital do mundo começa a operar; veja primeiras imagens
Começou a operar oficialmente na manhã desta segunda-feira, 23, o megaprojeto astronômico Legacy Survey of Space and Time (LSST) liderado pelos Estados Unidos e com participação do Brasil.
Primeiras imagens geradas pelo
supertelescópio do projeto LSST, no Observatório Vera C. Rubin, no Chile.
Projeto liderado pelos EUA tem participação do Brasil no processamento dos
dados. Foto: NSF-DOE Vera C. Rubin Observator
O supertelescópio instalado no Observatório Vera C. Rubin, no Chile, está programado para tirar milhões de fotos de altíssima definição do céu do Hemisfério Sul ao longo dos próximos dez anos. Com oito metros de diâmetro, o supertelescópio tem a maior câmera digital já construída no mundo — uma gigante de 3,2 gigapixels, com o tamanho de um Fusca e com peso de três toneladas.
Capaz de gerar mais de 200 mil
imagens por ano, o equipamento promete revolucionar a forma como observamos o
universo.
Os primeiros registros do
supertelescópio divulgadas nesta manhã mostram imagens da região de M49, no
aglomerado de Virgem — a cerca de 50 milhões de anos-luz da Terra — e da dupla
de nebulosas Trífida e Lagoa, na nossa própria galáxia, a Via Láctea.
“Costumo dizer que vamos fazer um
filme em cores de todo o céu do Hemisfério Sul”, afirmou o líder do projeto
LSST, Aaron Roodman, em entrevista ao canal de TV ABC, dos Estados Unidos.
O trabalho vai permitir avançar
nos conhecimentos sobre a energia escura, que compõe a maior parte do universo,
e outros corpos celestes pouco estudados.
Estima-se que serão descobertos
ao menos 17 bilhões de estrelas e 20 bilhões de galáxias, além de outros
objetos astronômicos difíceis de serem observados com os instrumentos
tradicionais.
“Esperamos estudar a energia
escura, que está tornando a expansão do Universo mais acelerada, mas sobre a
qual sabemos muito pouco”, contou Roodman.
“Também vamos estudar a matéria escura, as galáxias e como elas se formam pelo Universo. Vamos estudar a nossa própria galáxia, a Via Láctea, tentando entender melhor a sua formação e a localização da matéria escura na nossa galáxia. Pretendemos estudar também o Sistema Solar.”
O Brasil participa com o
processamento de parte das imagens inéditas geradas pelo equipamento no Centro
Independente de Acesso a Dados (Idac, na sigla em inglês), que contou com
financiamento de R$ 7 milhões da Finep. O centro, em Petrópolis, está instalado
nas dependências do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), que
opera o Santos Dumont, maior supercomputador científico público do país e um
dos mais potentes do mundo.
“É um projeto espetacular,
teremos todo o céu do hemisfério sul em imagens digitais, uma janela para um
universo que a gente desconhece”, resumiu o astrônomo Luiz Nicolacci,
coordenador do centro brasileiro. “Pelo volume de dados com o qual vamos lidar
e pela qualidade desses dados é uma verdadeira mudança de paradigma.”
A ideia é que o Idac processe um
volume de dados jamais visto: serão 37 bilhões de objetos celestes catalogados,
centenas de petabytes ao longo de uma década – isso é mais informação do que
todo o conhecimento que a humanidade já acumulou até hoje.
Cerca de 170 pesquisadores
brasileiros estarão envolvidos no projeto, trabalhando em 25 instituições em
todo o País. Pelo acordo firmado com o governo dos Estados Unidos, o Brasil se
comprometeu a operar uma estrutura capaz de armazenar pelo menos 5 petabytes de
dados, manter um banco de dados com capacidade de 500 terabytes e para uso
simultâneo de 50 usuários, além de desenvolver softwares de alta performance
para análise científica em tempo real.
“É uma grande oportunidade para
nós”, resumiu Nicolacci. “Espero por esse dia há 20 anos.”
Msn.com

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