Água de cometa contém pistas sobre vida na Terra

 Novas observações do ALMA mostram que a água no cometa do tipo Halley, 12P/Pons-Brooks, corresponde aos oceanos da Terra, reforçando a teoria de que os cometas ajudaram a tornar nosso planeta habitável

Origens da Água na Terra. Acredita-se que a água terrestre tenha sido transportada há vários bilhões de anos, por uma combinação de impactos de cometas, asteroides e meteoritos. Em contraste com descobertas anteriores, novos trabalhos com o telescópio ALMA mostram que a razão isotópica (D/H) na água da Terra é consistente com a transportada por cometas do tipo Halley. Crédito: NASA / Theophilus Britt Griswold 

Uma nova pesquisa revelou evidências convincentes de que a água de um cometa é muito semelhante à encontrada nos oceanos da Terra, oferecendo novo suporte à ideia de que os cometas podem ter desempenhado um papel crucial no transporte de água — e possivelmente de alguns dos ingredientes moleculares para a vida — para o nosso planeta.

Utilizando o poderoso Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), uma equipe internacional de cientistas, liderada por Martin Cordiner, do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, mapeou a distribuição de água comum (HO) e água "pesada" (HDO, que contém o isótopo mais pesado, o deutério) na coma (a nuvem de gás que circunda o núcleo) do cometa Halley 12P/Pons-Brooks durante sua aproximação ao Sol. Isso marca a primeira vez que um mapeamento espacial tão detalhado dessas duas formas de água foi realizado em um cometa.

As observações do ALMA foram então combinadas com dados sobre água e outros gases, observados usando o Infrared Telescope Facility (IRTF) da NASA, para formar uma imagem mais completa do cometa. Ao combinar as capacidades complementares desses dois telescópios, os pesquisadores foram capazes de medir com mais precisão a razão entre deutério e hidrogênio (D/H) na água do cometa, uma impressão digital química que ajuda os cientistas a rastrear as origens e a história da água em todo o Sistema Solar.

Notavelmente, a razão D/H da água em 12P/Pons-Brooks foi considerada virtualmente indistinguível daquela dos oceanos da Terra. A medição, (1,71 ± 0,44) × 10−4, é a menor razão já medida em um cometa do tipo Halley e está na extremidade inferior dos valores observados anteriormente em outros cometas.

“Cometas como este são relíquias congeladas que sobraram do nascimento do nosso Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos”, disse Cordiner. “Como se acredita que a Terra se formou a partir de materiais sem água, impactos de cometas têm sido sugeridos há muito tempo como uma fonte de água na Terra. Nossos novos resultados fornecem a evidência mais forte até agora de que pelo menos alguns cometas do tipo Halley carregaram água com a mesma assinatura isotópica encontrada na Terra, apoiando a ideia de que os cometas podem ter ajudado a tornar nosso planeta habitável.”

Os cometas do tipo Halley são uma classe de cometas com períodos orbitais intermediários (entre 20 e 200 anos) e raramente visitam o Sistema Solar interno. As descobertas do estudo são significativas porque medições anteriores em outros cometas frequentemente mostravam água com uma razão D/H diferente da da Terra, deixando em dúvida a origem cometária da água terrestre. Esta nova medição sugere que alguns cometas — particularmente aqueles como 12P/Pons-Brooks — poderiam de fato ter trazido água, e possivelmente outros elementos essenciais à vida, para uma Terra jovem.

A pesquisa também confirma a origem dos gases observados, fornecendo uma imagem mais precisa da verdadeira composição do cometa. "Ao mapear HO e HDO na cabeleira do cometa, podemos dizer se esses gases vêm do gelo congelado dentro do corpo sólido do núcleo, em vez de se formarem a partir de processos químicos ou outros na cabeleira gasosa", disse Stefanie Milam, da NASA, coautora do estudo.

As observações só foram possíveis graças à sensibilidade excepcional e às capacidades únicas de geração de imagens do ALMA, que permitiram à equipe detectar a fraca assinatura de água pesada emanando das regiões mais internas da coma, algo que nunca havia sido mapeado antes em um cometa.

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