Recriação da primeira molécula do Universo resolve enigma de 13 bilhões de anos
Primeira molécula do Universo
Depois do Big Bang, o Universo
consistia em uma sopa primordial de partículas subatômicas, que levou 380.000
anos para esfriar a ponto de permitir que átomos neutros se formassem por
recombinação com elétrons livres e, mais tarde, que ocorrem as primeiras
reações químicas e a formação dos elementos que conhecemos.
Esquema e nível energético da
reação do íon hidreto de hélio com deutério. É uma reação rápida e sem
barreiras, ao contrário do que indicavam as teorias anteriores. Ao fundo, a
nebulosa planetária NGC 7027, com hidrogênio molecular visível em vermelho. [Imagem:
MPIK/W. B. Latter (SIRTF/Caltech)/NASA]
Segundo nossas melhores teorias,
a primeira molécula a se formar no Universo foi o íon hidreto de hélio (HeH+),
nascido quando um átomo de hélio neutro e um núcleo de hidrogênio ionizado se
combinaram. Isso marcou o início de uma reação em cadeia que levou à formação
do hidrogênio molecular (H2), que é de longe a molécula mais comum no Universo,
e que se tornou a base para a formação das primeiras estrelas.
Agora, Florian Grussie e colegas
do Instituto Max-Planck de Física Nuclear, na Alemanha, conseguiram pela
primeira vez recriar essa reação química em condições semelhantes às do
Universo primordial.
A equipe usou uma reação de HeH2
com o deutério, um isótopo de hidrogênio que contém um nêutron adicional no
núcleo atômico, além de um próton. Quando o HeH2 reage com o deutério, forma-se
um íon HD2, em vez de H2, juntamente com o átomo neutro de hélio.
Mas os resultados não foram
exatamente o que as teorias previam.
Espectro da HeH+ observada com o telescópio SOFIA, em direção à nebulosa planetária NGC 7027. [Imagem: NIESYTO/William B. Latter (SIRTF)/NASA/ESA/Rolf Güsten/MPIfR]
Condições únicas
O experimento foi realizado no
Anel de Armazenamento Criogênico (CSR), em Heidelberg, um instrumento único no
mundo para a investigação de reações moleculares e atômicas em condições
semelhantes às do espaço.
Para isso, íons HeH2 foram
armazenados no anel de armazenamento iônico de 35 metros de diâmetro por até 60
segundos a alguns kelvins (-267 °C) e sobrepostos a um feixe de átomos neutros
de deutério. Ajustando as velocidades relativas dos dois feixes de partículas,
os cientistas puderam estudar como a taxa de colisão varia com a energia da
colisão, que está diretamente relacionada à temperatura.
Ao contrário das previsões
teóricas, a velocidade com que a reação ocorre não diminui com a diminuição da
temperatura - na verdade, ela permanece quase constante.
"Teorias anteriores previam
uma diminuição significativa na probabilidade de reação em baixas temperaturas,
mas não conseguimos verificar isso nem no experimento nem nos novos cálculos
teóricos dos nossos colegas," disse o professor Holger Kreckel. "As
reações de HeH2 com hidrogênio neutro e deutério parecem, portanto, ter sido
muito mais importantes para a química no Universo primitivo do que se supunha
anteriormente".
Revisão da teoria
A observação experimental levou a
uma revisão nas teorias, com os membros teóricos da equipe identificando um
erro no cálculo da superfície potencial usada em todos os cálculos anteriores
para essa reação. Os novos cálculos usando a superfície potencial aprimorada
agora se alinham estreitamente com o experimento.
Como as concentrações de
moléculas como HeH2 e hidrogênio molecular (H2 ou HD2) desempenharam um papel
importante na formação das primeiras estrelas, este resultado nos aproxima da
solução do mistério de como se formaram as primeiras estrelas.
Inovação Tecnológica


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