Conheça a missão IMAP, que vai estudar os limites do nosso lar no espaço
O espaço é um lugar perigoso - um lugar repleto de radiação e de partículas altamente energéticas que podem danificar o ADN e as placas de circuitos. No entanto, a vida perdura no nosso Sistema Solar, em parte devido à heliosfera, uma bolha gigante criada pelo Sol que se estende muito para além da órbita de Neptuno.
Impressão de artista da sonda
IMAP. Crédito: NASA/Universidade de Princeton/Patrick McPike
Com a nova sonda IMAP
(Interstellar Mapping and Acceleration Probe) da NASA, cujo lançamento não será
antes de terça-feira, dia 23 de setembro, a humanidade vai poder observar a
heliosfera melhor do que nunca. A missão irá traçar os limites da heliosfera
para nos ajudar a compreender melhor a proteção que oferece e a forma como se
altera com a atividade do Sol. A missão IMAP também fornecerá medições quase em
tempo real das condições do clima espacial, essenciais para a campanha Artemis
e para as viagens ao espaço profundo.
"Com a IMAP, vamos alargar
as fronteiras do conhecimento e da compreensão do nosso lugar não só no Sistema
Solar, mas também na galáxia como um todo", disse Patrick Koehn, cientista
do programa IMAP na sede da NASA em Washington. "À medida que a humanidade
se expande e explora para lá da Terra, missões como a IMAP vão acrescentar
novas peças ao puzzle do clima espacial que preenche o espaço entre a Parker
Solar Probe, perto do Sol, e as Voyagers para lá da heliopausa".
Domínio do Sol
A heliosfera é criada pelo fluxo
constante de material e campos magnéticos do Sol, chamado vento solar. À medida
que o Sistema Solar se move pela Via Láctea, a interação do vento solar com o
material interestelar cria a bolha da heliosfera. O estudo da heliosfera ajuda
os cientistas a compreender o nosso lar no espaço e a forma como se tornou
habitável.
Como um cartógrafo celeste dos
tempos modernos, a missão IMAP irá mapear os limites da nossa heliosfera e
estudar a forma como a heliosfera interage com a vizinhança galáctica local.
Irá mapear a vasta gama de partículas, poeiras, luz ultravioleta e campos
magnéticos no espaço interplanetário, para investigar a energização de
partículas carregadas do Sol e a sua interação com o espaço interestelar.
A missão IMAP baseia-se nas
missões Voyager e IBEX (Interstellar Boundary Explorer) da NASA. Em 2012 e
2018, as duas naves espaciais Voyager foram os primeiros objetos criados pelo
homem a atravessar a fronteira da heliosfera e a enviar medições do espaço
interestelar. Os cientistas obtiveram assim uma imagem do aspeto da fronteira e
da sua localização em dois locais específicos. Embora a IBEX tenha estado a
mapear a heliosfera, deixou muitas perguntas sem resposta. Com uma resolução 30
vezes superior e imagens mais rápidas, a IMAP ajudará a preencher as incógnitas
acerca da heliosfera.
Átomos neutros
energéticos: mensageiros atómicos dos limites da nossa heliosfera
Dos 10 instrumentos da IMAP, três
irão investigar os limites da heliosfera através da recolha de átomos neutros
energéticos, ou ANEs. Muitos ANEs têm origem em partículas com carga positiva
libertadas pelo Sol, mas, depois de atravessarem o Sistema Solar, estas
partículas chocam com partículas do espaço interestelar. Nesta colisão, algumas
dessas partículas com carga positiva tornam-se neutras e nasce um átomo neutro
energético. A interação também redireciona os novos ANEs, e alguns ricocheteiam
de volta para o Sol.
As partículas carregadas são
forçadas a seguir as linhas do campo magnético, mas os ANEs viajam em linha
reta, não sendo afetados pelas curvas e turbulências dos campos magnéticos que
permeiam o espaço e moldam os limites da heliosfera. Isto significa que os
cientistas podem seguir a origem destes mensageiros atómicos e estudar à
distância regiões distantes do espaço. A missão IMAP utilizará os ANEs que
recolhe perto da Terra para rastrear as suas origens e construir mapas dos
limites da heliosfera, que de outra forma seriam invisíveis a esta distância.
"Com o seu conjunto
abrangente de instrumentos de última geração, a IMAP fará avançar a nossa
compreensão de duas questões fundamentais: como as partículas são energizadas e
transportadas através da heliosfera e como a própria heliosfera interage com a
nossa Galáxia", disse Shri Kanekal, cientista da missão IMAP no Centro de
Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA.
Clima espacial:
monitorização do vento solar
A missão IMAP irá também apoiar
observações quase em tempo real do vento solar e das energéticas partículas
solares, que podem produzir condições perigosas no ambiente espacial próximo da
Terra. A partir da sua localização no Ponto de Lagrange 1, a cerca de 1,5
milhões de quilómetros da Terra em direção ao Sol, a IMAP fornecerá um aviso de
cerca de meia hora de partículas perigosas que se dirigem para o nosso planeta.
Os dados da missão ajudarão no desenvolvimento de modelos que podem prever os
impactos do clima espacial, desde interrupções na rede elétrica até à perda de
satélites.
"A missão IMAP fornecerá
informações muito importantes para as viagens ao espaço profundo, onde os
astronautas estarão diretamente expostos aos perigos do vento solar",
disse David McComas, investigador principal da IMAP na Universidade de Princeton.
Poeira cósmica: pistas da
Galáxia
Para além de medir os ANEs e as
partículas do vento solar, a IMAP também fará medições diretas da poeira
interestelar - aglomerados de partículas originárias do exterior do Sistema
Solar que são mais pequenas do que um grão de areia. Esta poeira espacial é
maioritariamente composta por grãos rochosos ou ricos em carbono que sobram do
rescaldo de explosões de supernova.
A composição elementar específica
desta poeira espacial é um "carimbo postal" que indica a sua origem
na Galáxia. O estudo da poeira cósmica pode fornecer informações sobre as
composições de estrelas muito distantes do nosso Sistema Solar. Também ajudará
os cientistas a avançar significativamente o que sabemos sobre estes materiais
básicos de construção cósmica e fornecerá informações sobre a composição do
material entre as estrelas.
Astronomia OnLine

Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!