Experimentos questionam indícios de vida na lua Encélado
Origem abiótica
As plumas de água ejetadas pela
lua Encélado, de Saturno, fizeram com que os cientistas a apontassem como o
provável abrigo da vida extraterrestre mais próxima da Terra, uma vez que essas
plumas parecem se originar de um oceano global por baixo de suas extensas
camadas de gelo.
Impressão artística de plumas em
erupção na superfície de Encélado. Sua lua companheira, Titã, é vista no céu,
com o Sol distante ao fundo. [Imagem: ESA]
E isso é promissor porque os
sinais de vida nessas plumas podem ser coletados do espaço, sem precisar de uma
missão de pouso, muito mais complicada e cara.
Mas Grace Richards e colegas do
Instituto Nacional de Astrofísica e Planetologia Espacial, na Itália, acabam de
jogar um balde de água fria nessa hipotética vida na lua Encélado.
Acontece que as moléculas
orgânicas detectadas nas plumas aquosas que saem das rachaduras na superfície
de Encélado podem ser formadas pela exposição do gelo da superfície à radiação
presente no próprio sistema de Saturno, em vez de se originarem nas profundezas
do oceano subterrâneo.
"Embora a identificação de
moléculas orgânicas complexas no ambiente de Encélado continue sendo uma pista
importante na avaliação da habitabilidade da lua, os resultados demonstram que
a química causada pela radiação na superfície e nas plumas também pode criar
essas moléculas," destacou Richards.
O fosfato, um elemento fundamental da vida, também já foi encontrado em Encélado. [Imagem: Cassini Imaging Team/SSI/JPL/ SWRI/ Freie Universität Berlin]
Relevância astrobiológica
A sonda espacial Cassini
descobriu essas plumas - e voou através delas - em 2005, detectando algumas das
moléculas nelas presentes e descobrindo que elas são ricas em sais, além de
conterem uma variedade de compostos orgânicos (à base de carbono e nitrogênio).
Como compostos orgânicos,
dissolvidos em um oceano de água subterrânea, poderiam se transformar em
moléculas prebióticas, precursoras da vida, aquelas descobertas chamaram a
atenção dos astrobiólogos, que apontaram a possibilidade de coleta de
biomarcadores de vida nas plumas.
No entanto, os experimentos
realizados agora pela equipe italiana mostram que a exposição à radiação retida
na poderosa magnetosfera de Saturno pode desencadear a formação desses
compostos orgânicos na superfície gelada de Encélado, indicando que as moléculas
podem não ser originárias de um oceano de subsuperfície, questionando sua
relevância astrobiológica.
"Moléculas consideradas
prebióticas poderiam plausivelmente se formar in situ por meio do processamento
de radiação, em vez de necessariamente se originarem do oceano
subterrâneo," disse Richards. "Embora isso não exclua a possibilidade
de que o oceano de Encélado seja habitável, significa que precisamos ser
cautelosos ao fazer essa suposição apenas por causa da composição das
plumas."
Inovação Tecnológica


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