NASA anuncia possível sinal de vida antiga em Marte
Vida em Marte?
A NASA anunciou que o robô
Perseverança, que explora e estuda a geologia de Marte desde 2021, encontrou
uma rocha contendo uma "possível bioassinatura", uma eventual
indicação de vida microbiana antiga.
Estratificação, nódulos, frentes
de reação e detecções de compostos orgânicos na rocha estudada em Marte. [Imagem:
Joel A. Hurowitz et al. - 10.1038/s41586-025-09413-0]
Uma bioassinatura é um sinal de
vida, mas uma "possível bioassinatura" é uma substância ou estrutura
que pode ter uma origem biológica, mas requer mais dados e estudos adicionais
antes que se possa chegar a uma conclusão definitiva sobre a ausência ou
presença de vida.
A amostra foi coletada pelo rover
no que se acredita ser o leito seco de um antigo rio na Cratera de Jezero, onde
o Perseverança pousou. A parte estudada, retirada de uma rocha chamada
"Cachoeira Cheyava" no ano passado, foi batizada de "Canal de
Safira", e é nela que foram encontradas as potenciais bioassinaturas.
Os instrumentos científicos do
rover revelaram que as rochas sedimentares da formação são compostas de argila
e silte, que, na Terra, são excelentes preservadores de vida microbiana
passada. Elas também são ricas em carbono orgânico, enxofre, ferro oxidado
(ferrugem) e fósforo. Mas não há algo como "fósseis de micróbios" na
rocha.
"Isto é o mais perto que
chegamos de descobrir vida em Marte," disse Sean Duffy, da NASA.
Comida de micróbios, mas
não os micróbios
Ao analisar a rocha Cachoeira
Cheyava, que mede 1 metro por 60 centímetros, os instrumentos mostraram o que
pareciam ser manchas coloridas. Essas manchas na rocha poderiam ter sido
deixadas por vida microbiana, caso esta tivesse utilizado os ingredientes
brutos da rocha, como carbono orgânico, enxofre e fósforo, como fonte de
energia.
Novas imagens de alta resolução
mostraram um padrão distinto de minerais dispostos em frentes de reação (pontos
de contato onde ocorrem reações químicas e físicas) que a equipe chamou de
manchas de leopardo. As manchas contêm a assinatura de dois minerais ricos em
ferro: Vivianita (fosfato de ferro hidratado) e greigita (sulfeto de ferro). A
vivianita é frequentemente encontrada na Terra em sedimentos, turfeiras e ao
redor de matéria orgânica em decomposição. Da mesma forma, certas formas de
vida microbiana na Terra podem produzir greigita.
A combinação desses minerais, que
parecem ter-se formado por reações de transferência de elétrons entre o
sedimento e a matéria orgânica, é uma possível impressão digital para a vida
microbiana, que usaria essas reações para produzir energia para seu crescimento.
Contudo, esses minerais também
podem ser gerados abioticamente, ou seja, sem a presença de vida. Portanto,
existem maneiras de produzi-los sem reações biológicas, incluindo altas
temperaturas sustentadas, condições ácidas e ligação por compostos orgânicos (à
base de carbono). O que a equipe de cientistas da NASA pondera é que as rochas
da região não apresentam sinais de que tenham passado por altas temperaturas ou
condições ácidas, mas também não se sabe se os compostos à base de carbono
presentes seriam capazes de catalisar reações de manutenção da vida em baixas
temperaturas.
Até o momento, não foi encontrado
nenhum sinal da hipotética vida microbiana que poderia ter-se alimentado dos
compostos presentes na rocha analisada. Ou seja, descobrimos "comida de
micróbios marcianos", mas não os próprios micróbios marcianos.
Inovação Tecnológica

Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!