Como nasce a água dos planetas? Experimento revela a criação da água
O nascimento da água
A ciência ainda não sabe dizer
como se formou a água que preenche quase todo o nosso planeta, por isso tem
vigorado a ideia de que a água chegou na Terra vinda de outro lugar,
eventualmente trazida a bordo de cometas e asteroides.
Ao comprimir e aquecer materiais
análogos a "sementes" de planetas, o experimento demonstrou que as
interações entre a atmosfera de um planeta jovem e seu oceano de magma geram
água e dissolvem hidrogênio no magma fundido. [Imagem: Navid Marvi/Carnegie
Science]
Mas descobertas recentes de água
presente em discos protoplanetários reacenderam a possibilidade de produção
local da água em planetas rochosos, dando suporte à ideia de que a água da
Terra já estava por aqui antes do nascimento do planeta.
Agora, Francesca Miozzi e Anat
Shahar, da Instituição Carnegie para Ciência, nos EUA, finalmente trouxeram
essas possibilidades para o âmbito experimental.
Pesquisas anteriores, usando
modelagem matemática e simulações computacionais, demonstraram que as
interações entre o hidrogênio atmosférico e os oceanos de magma ricos em ferro
durante a formação de planetas podem produzir quantidades significativas de água.
No entanto, testes experimentais
abrangentes dessa fonte proposta de água planetária não haviam sido realizados
até o momento.
Outra hipótese é que a água da Terra pode ter sido produzida pelo vento solar atingindo poeira espacial. [Imagem: University of Glasgow]
Como planetas rochosos se
formam
Miozzi e Shahar recriaram em
laboratório as condições sob as quais essas interações entre o hidrogênio -
representando a atmosfera planetária primitiva - e o magma de sílica rico em
ferro - representando o oceano de magma em formação - ocorreriam em um planeta
jovem.
Elas fizeram isso comprimindo
amostras a quase 600.000 vezes a pressão atmosférica (60 gigapascal) e
aquecendo-as a mais de 4.000 graus Celsius. Essas condições imitam uma fase
crítica do processo evolutivo dos planetas rochosos, que se formam a partir do
disco de poeira e gás que circunda uma estrela jovem no período posterior ao
seu nascimento. A teoria é que esse disco protoplanetário acumula material,
formando corpos que colidem uns com os outros, crescendo e se aquecendo, até
eventualmente derreterem e se transformarem em um vasto oceano de magma.
Esses planetas jovens são
frequentemente circundados por uma espessa camada de hidrogênio molecular (H2)
que pode funcionar como um "cobertor térmico", mantendo o oceano de
magma por bilhões de anos, antes que ele comece a esfriar.
"Nosso trabalho forneceu a
primeira evidência experimental de dois processos críticos da evolução
planetária inicial," relatou Miozzi. "Mostramos que uma grande
quantidade de hidrogênio é dissolvida no magma e que quantidades significativas
de água são criadas pela redução do óxido de ferro pelo hidrogênio
molecular."
Habitabilidade dos
planetas
Tomados em conjunto, esses
resultados demonstram experimentalmente que grandes quantidades de hidrogênio
podem ser armazenadas no oceano de magma enquanto a formação de água ocorre.
Isso tem implicações importantes para as propriedades físicas e químicas do
interior do planeta, com potenciais efeitos também no desenvolvimento do núcleo
e na composição atmosférica.
"A presença de água líquida
é considerada crucial para a habitabilidade planetária," disse Shahar.
"Este trabalho demonstra que grandes quantidades de água são criadas como
consequência natural da formação dos planetas. Ele representa um grande avanço
na forma como pensamos sobre a busca por mundos distantes capazes de abrigar
vida."
Inovacaotecnologica.com.br
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