Brasileiras abrem caminho para exploração de Plutão


Horizonte longínquo

Em 2015, a sonda espacial Novos Horizontes (New Horizons), lançada pela agência espacial norte-americana (NASA) no início de 2006, deverá chegar a Plutão. Seu objetivo principal será caracterizar a geologia e a morfologia e mapear a superfície do planeta anão. Plutão está em uma região longínqua do Sistema Solar, difícil de ser observada e nunca antes visitada por uma sonda espacial, razão pela qual se conhece muito pouco a seu respeito. O que pouco se sabe também é que uma equipe de cientistas brasileiras está ajudando a preparar o terreno para que a missão seja o mais bem-sucedida possível.

Trabalho de pesquisadoras brasileiras chamou atenção da NASA e vai ajudar a otimizar as pesquisas da sonda New Horizons, que está a caminho de Plutão.[Imagem: JHUAPL/SwRI]

Chamando a atenção da NASA

Para dar subsídios à passagem da sonda, reunindo o maior número de dados de modo a aumentar o sucesso da missão espacial e o trabalho de coleta de informações, pesquisadoras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguetá, têm conduzido uma série de estudos sobre o sistema do planeta anão. Ana Helena Fernandes Guimarães e Silvia Giuliatti Winter identificaram, por meio de um conjunto de simulações numéricas e modelos analíticos, as chamadas regiões estáveis ao redor de Plutão e de sua maior lua, Caronte, as quais a New Horizons vai explorar. Os resultados do trabalho foram apresentados em 2009 na Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (UAI), que ocorreu no Rio de Janeiro, e chamaram a atenção da vice-chefe científica da missão, Lesley Young. A cientista do Southwest Research Institute procurou Winter para discutir e fazer algumas simulações sobre essas regiões estáveis do sistema de Plutão-Caronte, que podem ter objetos acumulados da ordem de micrômetros a metros.  "Essas regiões são importantes porque podem acumular alguns materiais e representar um problema para a passagem da sonda espacial. Ou, ao contrário, ser o foco de exploração para tentar localizar e identificar objetos e registrar suas imagens", disse Winter.

Prevendo a descoberta das luas de Plutão

No início de 2011, o grupo da Unesp analisou as regiões estáveis tanto para partículas pequenas (da ordem de centímetros) como para satélites (da ordem de quilômetros) localizadas após a órbita de Caronte, onde foram descobertos em 2005 os satélites Nix e Hidra. As previsões sobre a possibilidade de essas regiões terem satélites, e qual seria o tamanho máximo e a órbita (trajetória) deles, se concretizaram com a descoberta divulgada no fim de julho pela NASA de uma quarta lua na órbita de Plutão. O satélite, identificado por meio do telescópio espacial Hubble, encontra-se na região prevista e tem os tamanhos delimitados no estudo, que foi publicado em janeiro de 2011 na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.  "A localização e o tamanho desse satélite, que foi provisoriamente denominado P4, corrobora nossos resultados. E se agora descobriram esse, que é o quarto satélite, possivelmente pode ter mais satélites em Plutão", disse Winter.

Planeta anão binário

Winter e sua equipe também descobriram que os efeitos de pressão da radiação solar são importantes mesmo na região onde está o sistema de Plutão. E que, se existir um anel no planeta anão, composto por partes originárias dos satélites Nix e Hidra, ele seria difícil de ser observado e muito mais tênue que os anéis de Júpiter. De acordo com Winter, um dos motivos do interesse da comunidade astronômica internacional pelo estudo do sistema de Plutão-Caronte é que, além de nunca ter sido visitado e explorado por uma sonda espacial, ele representa um sistema único.  "Plutão-Caronte é o que chamamos de sistema binário, ou seja, a massa deles é bem próxima. Em função disso, o modelo dinâmico (de movimento) dele é diferente de um sistema como o de Júpiter e seus satélites. É uma especificidade desse corpo que nunca foi visto de perto", disse.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br

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