O Desafio do Pulsar do Caranguejo

O pulsar da Nebulosa do Caranguejo é o vestígio da explosão de uma supernova registrada na Terra em 1054
Concepção artística da nebulosa e sua emissão recorde de raios gama a partir do centro da estrela morta
A intensidade da energia emitida pelo pulsar na nebulosa do Caranguejo, na constelação de Touro, desafia a compreensão dos astrofísicos, para os quais este fenômeno não se pode explicar pelos modelos teóricos atuais da física, informou um estudo que será publicado na edição de sexta-feira da revista Science. O pulsar de Caranguejo, uma estrela de nêutrons que gira rapidamente descoberta em 1968, parece emitir raios-gama com níveis de energia maiores aos explicados pelos modelos científicos atuais, anunciaram os surpresos autores do estudo. Usando o conjunto de telescópios Veritas no Observatório Whipple no Estado do Arizona (sudoeste dos Estados Unidos), astrofísicos detectaram que esta jovem estrela de nêutrons tem energia superior a 100 bilhões de elétron-volts (100 GeV). Esta intensidade de energia é mais de 1 bilhão de vezes superior à da luz visível do Sol, disseram especialistas. Para Henric Krawczynski, astrofísico da Universidade de Washington em Saint Louis (Missouri, centro), coautor deste trabalho, os modelos teóricos padrão não podem explicar estas observações sem grandes mudanças. "Estamos na presença de algumas forças extremas e estas observações mostram que nossas teorias não se encaixam e que sabemos menos sobre os pulsares do que pensávamos", disse o astrofísico. Durante muito tempo, os cientistas pensaram que as emissões de pulsares são causadas quando o campo magnético dessas estrelas acelera partículas carregadas a uma velocidade próxima à da luz, gerando radiação eletromagnética em um amplo espectro.  "Depois de muitos anos de observações e resultados, pensávamos entender como funcionava (o pulsar) o Caranguejo, enquanto os modelos preveem uma diminuição exponencial do espectro de emissão acima dos 10 GeV", disse David Williams, professor adjunto de física na Universidade da Califórnia em Santa Cruz e coautor do estudo. "Foi uma verdadeira surpresa descobrirmos a emissão de raios-gama em energias superiores a 100 GeV", disse Williams. O pulsar de Caranguejo se formou a partir do núcleo de uma grande estrela que explodiu em uma supernova espetacular no ano 1054, deixando para trás a brilhante nebulosa do Caranguejo, com o pulsar no centro. Esta estrela de nêutrons relativamente jovem, um dos objetos mais estudados no céu, gira 30 vezes por segundo e tem um poderoso campo magnético de co-rotação, do qual emite feixes de radiação que, vistos da Terra, parecem pulsos rápidos de radiação.
Fonte: http://www.sciencemag.org/

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