Cientistas realizam o maior mapeamento da matéria escura no universo

O lado escuro do universo agora está um pouco mais iluminado, graças ao maior mapa da matéria escura (a estranha substância que preenche a maior parte do espaço) já feita. Cientistas criaram a maior escala da matéria escura, revelando uma imagem da invisibilidade, que representa 98% de toda a matéria no universo. A matéria escura nunca foi diretamente detectada, mas sua presença é sentida através da força gravitacional que exerce na matéria normal.  “Nós sabemos muito pouco sobre o universo escuro”, afirma a cientista do estudo Catherine Heymans.  “Nós não sabemos qual é partícula da matéria escura. É muito comentado que o entendimento final do universo escuro irá envolver uma nova física”.  O novo mapa revela a distribuição da matéria escura em um espaço maior do que já havia sido feito antes. Ele cobre mais de um bilhão de anos luz. Apenas para se ter uma ideia, um ano luz corresponde a algo em torno de 10 trilhões de quilômetros.
 
Luz distorcida - Para encontrar a matéria escura, os pesquisadores procuraram por sinais do campo gravitacional. Eles calcularam um efeito chamado de lente gravitacional, que ocorre quando a gravidade de um corpo maciço se curva entre o espaço-tempo, fazendo a luz viajar por um caminho curvo e aparecer distorcida na Terra. Os cientistas calcularam esse efeito na luz de 10 milhões de galáxias distantes, em quatro regiões diferentes do céu. A luz dessas galáxias precisa passar por grandes espaços de matéria escura, o que a distorce bastante.  “É fascinante poder ‘ver’ a matéria escura usando a distorção espaço-tempo”, afirma outro pesquisador do estudo, Ludovic Van Waerbeke. “Dá-nos o privilégio de acessar essa misteriosa massa do universo que não pode ser observada de outro modo. Saber como a matéria escura está distribuída é o primeiro passo para entender sua natureza e como ela se encaixa na física”.  “Ao analisar a luz do universo distante, nós podemos aprender sobre o que ela cruzou na sua jornada”, comenta Heymans. “Esperamos que, ao mapear mais matéria escura do que antes, estejamos um passo a mais de entender esse material e sua relação com as galáxias e nosso universo”.

Combinação próxima -  O novo mapa representa a primeira evidência direta da matéria escura em grande escala. “O que vemos é muito similar à simulação”, afirma Van Waerbeke. “A matéria escura se concentra em amontoados e o resto está em filamentos”. A teia da material escura, revelada pelo mapa, combina com as previsões feitas por simulações de computador, baseadas em teorias científicas. “Até agora não vimos nada estranho ou desvios do que esperávamos”, afirma Van Waerbeke. Para criar o mapa, os astrônomos usaram dados coletados por um telescópio canadense-francês-americano no Hawaii, durante um projeto de cinco anos.  “Esse mapeamento é muito importante para testar nossos paradigmas cosmológicos”, afirma o astrônomo Rachel Mandelbaum, que não esteve envolvido no projeto. “Esses resultados podem ser usados como um teste da matéria escura, da energia escura e até da teoria da gravidade”.

Escalas menores - Em outro estudo, o cientista Sukanya Chakrabarti desenvolveu um novo método para mapear a matéria escura em galáxias isoladas. Chakrabarti estudou as ondulações nas camadas externas de galáxias espirais, para entender o formato da matéria escura dentro e ao redor das galáxias.  “Esses resultados com galáxias espirais permitem estudar a matéria em um regime individual de galáxias, o que não era possível com o efeito de lentes”, afirma Mandelbaum. “Ambas as pesquisas representam duas formas importantes de estudar a matéria escura, mas de duas maneiras diferentes”.
Fonte: http://hypescience.com
[LiveScience]

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