Astrónomos descobrem crime de proporções galácticas

À medida que a Via Láctea nasce por cima do horizonte no ESO, as suas galáxias companheiras também ficam visíveis à esquerda.Crédito: ESO/Y. Beletsky

De acordo com os astrónomos, uma das galáxias mais próximas da Via Láctea é uma ladra estelar. Novas simulações sugerem que a Grande Nuvem de Magalhães (GNM) arrancou uma corrente de estrelas da sua vizinha, a Pequena Nuvem de Magalhães (PNM), quando as duas galáxias colidiram há 300 milhões de anos atrás. Os astrónomos descobriram este crime galáctico durante pesquisas na GNM por evidências de enormes objectos de halo compacto (MACHOs, ou "massive compact halo objects"). Os cientistas não compreendem totalmente a natureza destes objectos, e estavam investigando se poderiam ser um importante componente da matéria escura no Universo.

Para a sua investigação, os astrónomos viraram-se para as microlentes gravitacionais, já que a matéria escura não pode ser vista directamente. Com esta técnica, os cientistas observam o que acontece quando um corpo gigantesco está situado em frente de um objecto mais distante a partir do ponto de vista da Terra. O corpo massivo curva e amplia a luz a partir do objecto mais distante como uma lente, e as características da luz resultante podem fornecer informações sobre o corpo causando a curvatura.

Mas os cientistas disseram que o número de eventos de microlentes registados por várias equipas era pequeno demais para explicar a matéria escura, descartando a possibilidade de que a matéria escura está contida nestes objectos. No entanto, existem mais eventos de microlente do que o esperado com base no número conhecido de estrelas na Via Láctea.

Os astrónomos disseram que a explicação mais provável para estes eventos foi uma sequência inédita de estrelas roubadas a partir da PNM pela GNM durante uma colisão galáctica. Pensa-se que a massa das estrelas de primeiro plano provoque o efeito de lente gravitacional das estrelas roubadas. Em vez dos objectos de halo compacto, uma corrente de estrelas removidas da PNM é responsável pelos eventos de microlente. Podemos dizer que descobrimos um crime de proporções galácticas," afirma Avi Loeb do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica.

"Ao reconstruir a cena, descobrimos que a GNM e a PNM colidiram violentamente há centenas de milhões de anos atrás. Foi aí que a GNM retirou as estrelas," afirma Loeb. Os investigadores estão agora à procura de mais provas destas estrelas roubadas numa ponte de gás que liga as Nuvens de Magalhães. O estudo foi publicado online na revista Monthly Notices da Sociedade Astronómica Real.
Fonte: Astronomia On-line

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