Estudos descobrem que 2 exoplanetas estão cobertos de nuvens
Estudos caracterizam a atmosfera de planetas fora do Sistema Solar. Resultados foram publicados na revista científica 'Nature'.
Impressão de artista de um exoplaneta nublado.Crédito: STScI
Cientistas usaram o Telescópio Espacial Hubble para caracterizar as atmosferas de dois dos tipos mais comuns de planetas na Via Láctea, descobrindo que ambos podem estar cobertos com nuvens. Os planetas são GJ 436b, localizado a 36 anos-luz da Terra na direcção da constelação de Leão, e GJ 1214b, a 40 anos-luz na direcção da constelação de Ofiúco. Apesar dos inúmeros esforços, a natureza das atmosferas em torno destes planetas havia escapado caracterização definitiva até agora. Os investigadores descrevem o seu trabalho como um marco importante no caminho para caracterizar mundos tipo-Terra potencialmente habitáveis. Os resultados aparecem em artigos separados na edição de 2 de Janeiro da revista Nature.
Os dois planetas caem no intervalo intermédio de massa, entre planetas mais pequenos e rochosos como a Terra e gigantes gasosos como Júpiter. GJ 436b é caracterizado como um "Neptuno quente" porque está muito mais próximo da sua estrela do que o gelado Neptuno está do Sol. GJ 1214b é conhecido como uma "super-Terra" devido ao seu tamanho. Tanto GJ 436b como GJ 1214b foram observados em trânsito, ou seja, passando em frente das suas estrelas hospedeiras. Isto proporciona uma oportunidade para estudar estes planetas com mais detalhe porque a luz estelar é filtrada através das suas atmosferas.
Um dos artigos apresenta um estudo atmosférico de GJ 436b com base em observações de trânsito com o Hubble, lideradas por Heather Knutson do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, no estado americano da Califórnia. O espectro do Hubble não continha características nem revelava impressões digitais de qualquer natureza na atmosfera de GJ 436b. Ou este planeta tem uma camada de nuvens altas que obscurece a visão, ou tem uma atmosfera sem nuvens que é deficiente em hidrogénio, o que o torna muito diferente de Neptuno," afirma Knutson. "Em vez de hidrogénio, pode ter quantidades relativamente grandes de moléculas mais pesadas como vapor de água, monóxido de carbono e dióxido de carbono, o que comprime a atmosfera e torna difícil a detecção de quaisquer assinaturas químicas."
GJ 1214b e GJ 436b em comparação com a Terra e Neptuno.Crédito: NASA, ESA
Observações semelhantes àquelas obtidas para GJ 436b já tinham sido adquiridas anteriormente para GJ 1214b. O primeiro espectro do planeta também era inexpressivo, mas indicava que a atmosfera de GJ 1214b era dominada por vapor de água ou hidrogénio, com nuvens de alta altitude. Usando o Hubble, astrónomos liderados por Laura Kreidberg e Jacob Bean da Universidade de Chicago observaram GJ 1214b em mais detalhe. Descobriram o que consideram ser evidências definitivas de nuvens altas cobrindo o planeta e ocultando informações acerca da composição e comportamento da atmosfera inferior e superfície. Os novos espectros do Hubble também não revelaram assinaturas químicas na atmosfera de GJ 1214b, mas os dados eram tão precisos que foram capazes de descartar pela primeira vez composições atmosféricas limpas (sem nuvens) de vapor de água, metano, nitrogénio, monóxido de carbono ou dióxido de carbono.
"Ambos os planetas dizem-nos algo sobre a diversidade dos tipos de planetas que ocorrem fora do nosso Sistema Solar; neste caso descobrimos que podemos não conhecê-los tão bem quanto pensávamos," acrescenta Knutson. "Gostaríamos muito de determinar o tamanho a partir do qual estes planetas passam de mini-gigantes gasosos até algo mais parecido com um mundo de água ou uma versão gigante da Terra. Ambas as observações tentam, fundamentalmente, responder a esta pergunta."
Fonte: Astronomia On-Line
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