Vida pode ter surgido dez bilhões de anos antes do que pensávamos

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50 anos atrás, dois jovens astrônomos do Bell Laboratories apontaram sua antena de 6 metros em forma de chifre para o céu sobre Nova Jersey (EUA), com objetivo de medir a Via Láctea, galáxia que abriga o planeta Terra. Para sua perplexidade, Robert W. Wilson e Arno A. Penzias ouviram um assobio insistente de sinais de rádio vindo de todas as direções e de além da Via Láctea. Demorou um ano inteiro de testes para que eles e um outro grupo de pesquisadores da Universidade de Princeton (EUA) explicassem o fenômeno: foi descoberta a radiação cósmica de fundo em micro-ondas, um resíduo da explosão primordial de energia e matéria que deu origem ao universo, cerca de 13,8 bilhões de anos atrás. Os cientistas haviam finalmente encontrado evidências que confirmavam a teoria do Big Bang, proposta inicialmente por Georges Lemaître em 1931. Avi Loeb era apenas uma criança em uma fazenda em Israel quando Wilson e Penzias começaram a investigar esses sinais misteriosos. Hoje, ele é colega de Wilson no Centro de Astrofísica e presidente do departamento de astronomia da Universidade de Harvard (EUA), e um dos principais pesquisadores do mundo sobre o que tem sido chamado de “madrugada cósmica”.

O físico teórico, agora 52 anos, publicou mais de 450 trabalhos sobre aspectos do início do universo, incluindo a formação de estrelas e galáxias e as origens dos primeiros buracos negros. Ele tem feito um trabalho pioneiro no mapeamento tridimensional do universo, e já analisou as implicações da colisão iminente entre a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda (que não vai acontecer antes de vários bilhões de anos, pode relaxar de novo em sua cadeira).

E Loeb agora quer explorar uma ideia ainda mais provocante: recentemente, em um artigo submetido à revista Astrobiology, ele sugeriu que, apenas 15 milhões de anos após o Big Bang, a temperatura da radiação cósmica de fundo era de 0 a 30 graus Celsius, quente o suficiente para permitir que água líquida existisse na superfície de planetas, se algum já estivesse rodando pelo espaço na época, sem precisar do calor de uma estrela. Assim, a vida no universo poderia ter começado já naquele momento. Isso é particularmente impressionante porque as primeiras evidências de vida na Terra tem apenas 3,5 bilhões de anos. A proposição de Loeb acrescentaria cerca de dez bilhões de anos para essa linha do tempo da vida no universo.

“Eu tenho tentado entender o início do processo antes de a Via Láctea e suas estrelas serem formadas“, disse Loeb. “Acontece que as primeiras estrelas eram mais massivas que o sol e as primeiras galáxias menores do que a Via Láctea. Este período é interessante porque é a versão científica da história do Gênesis. Eu não quero ofender as pessoas religiosas, mas o primeiro capítulo da Bíblia precisa de revisão – a sequência de eventos precisa ser modificada. É verdade que houve um início no tempo. Como na história bíblica, ‘Haja luz’, mas esta luz pode ser pensada como a radiação cósmica de fundo”, brinca o cientista.

Se já acreditamos massivamente em alienígenas agora, quem dirá se ficar provado um dia que já havia vida no universo bilhões de anos mais cedo do que pensávamos. Ou Loeb está errado, ou os ETs são muito bons em se esconder (e, vamos assumir, espaço para isso não falta).
Fonte: Hypescience.com
 [Smithsonian]

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