Imagem do ALMA de gigante vermelha dá vislumbre surpreendente do futuro do SOL
A imagem mais nítida,
até agora, de uma estrela gigante vermelha: a 320 anos-luz da Terra, a estrela
W Hydrae está alguns milhares de milhões de anos à frente do Sol, em termos de
idade. Em comparação, o anel mostra o tamanho da órbita da Terra em torno do
Sol.Crédito: ALMA
(ESO/NAOJ/NRAO)/W. Vlemmings
Uma equipe de astrónomos liderada
por Wouter Vlemmings, da Universidade de Tecnologia de Chalmers, usou o ALMA
(Atacama Large Millimetre/Submillimetre Array) para obter as mais detalhadas
observações, até agora, de uma estrela com a mesma massa inicial que o Sol. As
novas imagens mostram pela primeira vez detalhes à superfície da gigante
vermelha W Hydrae, a 320 anos-luz de distância na direção da constelação da
Hidra.
W Hydrae é um exemplo de uma
estrela AGB (asymptotic giant branch). Estas estrelas são frias, brilhantes,
velhas e perdem massa através de ventos estelares. O nome deriva da sua posição
no famoso diagrama Hertzsprung-Russell, que classifica as estrelas consoante o
seu brilho e temperatura.
A imagem mais nítida,
até agora, de uma estrela gigante vermelha: a 320 anos-luz da Terra, a estrela
W Hydrae está alguns milhares de milhões de anos à frente do Sol, em termos de
idade. Os anéis mostram o tamanho das órbitas da Terra (azul) e dos outros
planetas do Sistema Solar.Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/W. Vlemmings
"Para nós, é importante
estudar não apenas o aspeto das gigantes vermelhas, mas como mudam e como
semeiam a Galáxia com os elementos que são os ingredientes da vida. Usando as
antenas do ALMA na sua configuração de maior resolução, podem agora fazer as
observações mais detalhadas dessas estrelas frias e excitantes," comenta
Wouter Vlemmings. As estrelas como o Sol evoluem ao
longo de escalas de tempo de milhares de milhões de anos. Quando atingem a
velhice, incham e ficam maiores, mais frias e são mais propensas a perder massa
sob a forma de ventos estelares. As estrelas fabricam elementos importantes
como o carbono e azoto. Quando atingem a fase de gigante vermelha, estes
elementos são lançados para o espaço, prontos a serem usados em gerações
subsequentes de novas estrelas.
As imagens do ALMA fornecem a
visão mais nítida, até agora, da superfície de uma gigante vermelha com uma
massa parecida à do Sol. As imagens anteriores já tinham mostrado detalhes em
estrelas supergigantes vermelhas muito mais massivas como Betelgeuse e Antares. As observações também
surpreenderam os cientistas. A presença de uma mancha inesperadamente compacta
e brilhante fornece evidências de que a estrela tem gás surpreendentemente
quente numa camada acima da superfície estelar: uma cromosfera.
Captar imagens
diretas, até das maiores e mais próximas estrelas, é um desafio para os
astrónomos. Neste gráfico, a imagem ALMA de W Hydrae é comparada com as
melhores imagens, até agora, de outras estrelas: a gigante vermelha R Doradus e
as supergigantes vermelhas Antares e Betelgeuse. Foram usadas várias técnicas e
vários comprimentos de onda para obter as imagens. As estrelas gigantes podem
ter vários tamanhos vistos em diferentes comprimentos de onda. O tamanho
angular das estrelas do sistema Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo,
e do planeta anão Plutão (na sua maior aproximação à Terra), são aqui mostrados
para efeitos de comparação.Crédito: ESO/K. Ohnaka (Antares); ALMA
(ESO/NAOJ/NRAO)/E. O'Gorman/P. Kervella (Betelgeuse); ESO (R Doradus); ALMA
(ESO/NAOJ/NRAO)/W. Vlemmings (W Hydrae)
As medições da mancha brilhante
sugerem a existência de poderosas ondas de choque na atmosfera da estrela que
atingem temperaturas mais altas do que as previstas pelos modelos teóricos
atuais para as estrelas AGB, comenta Theo Khouri, astrónomo de Chalmers e
membro da equipe. Uma possibilidade alternativa é,
pelo menos, igualmente surpreendente: que a estrela possuía, na altura das
observações, uma grande proeminência.
Os cientistas estão agora a
realizar novas observações, tanto com o ALMA como com outros instrumentos, a
fim de melhor compreender a atmosfera surpreendente de W Hydrae. Observações
como as realizadas pelo ALMA, na sua configuração de mais alta-resolução, são
complexas, mas também gratificantes, explica Elvire De Beck, membro da equipa,
também astrónoma da Chalmers.
"Torna-nos humildes, olhar
para a nossa imagem de W Hydrae e ver o seu tamanho em comparação com a órbita
da Terra. Nós nascemos a partir do material produzido em estrelas como esta, de
modo que para nós é emocionante ter o desafio de entender algo que nos diz mais
sobre as nossas origens e sobre o nosso futuro," conclui De Beck.
Fonte: Astronomia OnLine
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