Chuva de meteoros Geminídeas: entenda como observar e conheça a origem rara do fenômeno
Todo ano, em meados de
dezembro, chega a época da chuva de meteoros Geminídeas. Essa é uma das poucas
chuvas intensas que são favoráveis de se observar no hemisfério sul, então é
uma chance para não se desperdiçar, se o tempo colaborar. As chuvas de meteoros estão sempre associadas
a um cometa. Em seu caminho pelo Sistema Solar, essas imensas bolas de gelo
sujo, vão deixando uma trilha de pedaços, que na sua imensa maioria não são
maiores que minúsculas partículas de poeira.
Todo o ano, quando a Terra
cruza a trilha deixada pelo cometa, captura as partículas pela gravidade que
entram na atmosfera em alta velocidade. A fricção da partícula com o ar faz com
que ela se aqueça e comece a brilhar. Na verdade, tudo é tão rápido que parece
mais um flash, pois logo a partícula se esquenta tanto que evapora.
Claro, há pedaços um pouco
maiores que produzem clarões intensos que chegam a ser registrados por câmeras
de segurança nas cidades, sendo chamados de ‘bolas de fogo’ ou simplesmente
bólidos. De vez em quando um desses bólidos sobrevive à ação da atmosfera e
chega até a superfície, e aí são chamados de meteoritos.
A Terra cruza periodicamente
a órbita de vários cometas, o que dá origem a diversos chuveiros de meteoros,
sempre mais ou menos na mesma época do ano. Mas sempre dá para ver um ou outro
passando de forma esporádica em uma noite escura.
A trilha de partículas
deixadas pelos cometas não são exatamente uma faixa bem definida e pode ser
comparada a uma nuvem de destroços de forma indefinida. Conforme a Terra vai se
aproximando da nuvem, a quantidade de poeira interceptada vai aumentando
gradualmente até atingir um máximo de atividade, para depois declinar e voltar
a praticamente zero. Nesse período dizemos que determinada chuva está ativa,
mas nada impede que várias outras também estejam acontecendo ao mesmo tempo.
Diferente dos esporádicos, os
meteoros de uma chuva específica parecem todos surgir de uma região mais
restrita do céu, chamada de radiante. É como se os meteoros todos irradiassem
daquele ponto e as chuvas são batizadas justamente pela constelação que se
localiza o radiante. Nesse caso, o radiante está localizado em Gêmeos, por isso
o nome de Geminídeos, mas temos as Lirídeas (em Lira) ou Perseidas (em Perseu)
só para citar duas bem populares também.
As Geminídeas passaram um
tempão sem ter um cometa associado. Quando se procurava algum cometa com uma
órbita parecida compatível com a ocorrência da chuva de Geminídeos, nada era
encontrado. Mas por outro lado, um asteroide sempre estava por perto.
Origem
rara
As Geminídeas talvez seja o
único caso conhecido de ter como origem um asteroide e não um cometa. O
asteroide chama-se 3200 Phaethon e tem algumas particularidades interessantes.
Ele foi o primeiro asteroide descoberto por um telescópio espacial, o satélite
IRAS em 1983, sete anos antes do Hubble ser lançado.
O 3200 Phaethon tem uma
característica peculiar, ele é o asteroide conhecido que mais se aproxima do
Sol, chegando a uma distância de 21 milhões de km, ou apenas um terço da
distância de Mercúrio ao Sol. Quando ele chega a esta distância, estima-se que
a temperatura em sua superfície atinja algo como 750º centígrados.
Mas o mais interessante deste
asteroide é justamente o fato de estar associado a uma chuva de meteoros, algo
totalmente inesperado para essa classe de objetos. O que se imagina, nesse
caso, é que o 3200 Phaethon perdeu todo o seu material volátil, ou seja, perdeu
todo o seu gelo, restando um núcleo rochoso e seco, portanto é um cometa
extinto.
Dicas
de observação
Mas como o que importa para
nós é a chuva em si, aqui vão algumas dicas:
A chuva ocorre, como o nome
indica, partindo da constelação de Gêmeos. O radiante fica alto lá pelas 23
horas (horário de Brasília) para localidades no Sudeste. Mais ao norte, mais
cedo e mais ao sul, mais tarde. Mas isso não significa que você precisa esperar
até esse horário. Antes do radiante aparecer é possível avistar meteoros
cruzando o céu, mas certamente depois das 23 horas a quantidade deles deve
aumentar.
Posicione-se para a direção
nordeste, de preferência em uma daquelas cadeiras de praia para evitar um
torcicolo. Deitar no chão também é outro jeito confortável de observar. Não é
preciso nenhum equipamento em especial, aliás, quanto maior a área de visada no
céu, melhor. Procure um local escuro e, sobretudo, seguro.
Nesse horário a Lua estará se
pondo deixando o céu escuro, favorecendo a observação. A taxa de meteoros
prevista este ano é de 100-120 meteoros por hora, mas atenção! Essa é uma
previsão teórica e que leva em conta meteoros que são tão fracos que só podem
ser vistos em ambientes extremamente favoráveis. Mas pelo mapa você pode ver
que outras chuvas estarão ativas na mesma direção das Geminídeas, o que aumenta
as possibilidades de ver algum meteoro.
Tipicamente os meteoros dessa
chuva são brilhantes e lentos facilitando sua observação. O pico dessa chuva
deve ocorrer na virada de 13 para 14 de dezembro, mas ela já está ativa desde o
dia 04. Depois do dia 14, o número de meteoros cai drasticamente, outra
característica dos Geminídeos, mas vale a pena tentar de sexta para sábado
também.
Boa sorte!
Fonte: Blog do Cássio Barbosa - G1
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