Astrônomos detectaram 8 novos sinais de repetição do espaço profundo
Um
novo estudo da Universidade McGill (Canadá) descobriu nada menos do que oito
sinais de rádio conhecidos como “rajadas de rádio rápidas” (do inglês “fast
radio bursts” ou FRBs) que se repetem no espaço profundo.
Estes
sinais representam um grande mistério científico já faz muito tempo. Dezenas
deles foram descobertos por todo o universo, mas até agora só conhecíamos dois
que se repetiam. Com os novos oito,
temos dez FRBs que se repetem no espaço profundo, o que pode deixar os
pesquisadores mais perto de descobrir sua origem e causa.
As
rajadas de rádio são detectadas como “aumentos repentinos” nos dados que duram
apenas alguns milissegundos. Nesse curto período, no entanto, podem liberar
mais energia que 500 milhões de sóis. No começo de 2019, os cientistas
descobriram dois FRBs que se repetiam: o FRB 121102 e o FRB 180814.
Agora,
usando o “Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment”, o telescópio CHIME,
do Canadá, a equipe descobriu mais oito que podem estudar e comparar semelhanças
e diferenças.
“Definitivamente
há uma diferença entre as fontes, sendo algumas mais prolíficas do que outras.
Nós já sabíamos pelo FRB 121102 que as rajadas podiam ser muito agrupadas: às
vezes a fonte não explode por horas e horas e então de repente você recebe
múltiplas rajadas em um curto período de tempo. Nós observamos a mesma coisa no
FRB 180916.J0158 + 65, para o qual relatamos dez explosões neste estudo”,
explicou o físico Ziggy Pleunis, da Universidade McGill, ao portal
ScienceAlert.
Então,
uma das oito rajadas se repetiu dez vezes. Outras seis se repetiram apenas uma
vez, e a última se repetiu três vezes no total. A maior pausa entre as
repetições foi de cerca de 20 horas.
Os
cientistas ainda não sabem o que isso significa, mas uma teoria, criada pelo
astrofísico Vikram Ravi, do Centro Harvard-Smithsonian (EUA), é de que todo FRB
é um repetidor, só que com periodicidades distintas. Alguns podem ficar muito
tempo inativos (como um vulcão dormente), e é por isso que não foram detectados
como repetidores.
Essa
é uma hipótese interessante, mas talvez não esteja correta, pois houve
semelhanças entre os repetidores não vistas nos FRBs observados apenas uma vez:
eles parecem durar um pouquinho mais. E
depois tem a questão da frequência. Os dois primeiros repetidores descobertos –
FRB 121102 e FRB 180814 – mostraram uma tendência de queda na frequência, com
cada rajada sendo sucessivamente mais baixa. A maioria dos oito novos
repetidores também demonstrou tal frequência “descendente”.
Usando
os dados do CHIME, a comunidade científica agora pode analisar as informações
para tentar encontrar pistas sobre o que está produzindo os sinais.
Por
exemplo, a equipe de Vikram Ravi conseguiu localizar as galáxias de onde vieram
os novos FRBs com base na direção dos sinais, embora não possam ainda definir
sua origem exata. Um dos sinais mais interessantes é o FRB 180916, porque ele
tem a menor taxa de “dispersão” vista, o que pode significar que veio de alguma
galáxia próxima.
“Mesmo
com os maiores telescópios, se estiver mais perto de você, você sempre terá uma
visão melhor do que se for algo mais distante”, afirma o astrônomo Keith
Bannister, da agência nacional de ciência CSIRO, que não esteve envolvido na
pesquisa, ao ScienceAlert. “Então essa medida específica de baixa dispersão é
superempolgante, porque há uma boa chance de que esteja por perto. E isso
significa que será mais fácil de observar, uma vez que realmente sabemos
exatamente onde está no céu”.
As
informações de dispersão e frequência são boas pistas, mas ainda não
suficientes para detectarmos a origem e causa dos FRBs. A
polarização é mais uma informação a ser considerada nesse estudo: se o sinal é
torcido, significa que veio de um ambiente extremamente magnético, por exemplo,
próximo de um buraco negro ou estrela de nêutrons. Esse era o caso do FRB
121102, mas não do FRB 180916.
Ou
seja, FRBs que se repetem não vêm sempre do mesmo ambiente, e podem existir
diferentes classes de objetos produzindo tais sinais. Acho
(e espero!) que este estudo faça com que outros astrônomos apontem seus
telescópios para essas fontes recém-descobertas. Há muita informação aqui para
construtores de modelos trabalharem.
Acho que isso os ajudará a descobrir o que
produz FRBs repetidos. Além disso, nossas descobertas podem influenciar a
estratégia de busca de outras equipes que tentam descobrir FRBs que se
repetem”, concluiu Pleunis.
Fonte: Sciencealert.com
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