Satélite da Nasa registra pela primeira vez o momento em que estrela é 'devorada' por buraco negro supermassivo
Descoberta inédita de
astrônomos identifica as chamadas 'perturbações de maré', ou TDE. O fenômeno é
resultado dos efeitos gravitacionais de quando as forças de um buraco negro
dominam a gravidade de um corpo celeste e o despedaçam.
Ilustração mostra o momento em que o buraco negro "captura" a estrela, modelo é feito a partir de dados captados por satélites e são transformados em desenho – Ilustração: Robin Dienel/Carnegie Institution for Science
A agência espacial norte-americana
(Nasa) observou pela primeira vez o momento em que uma estrela é
"engolida" por um buraco negro supermassivo. No estudo publicado
nesta quinta-feira (25) pela revista "The Astrophysical Journal",
cientistas defendem que descoberta é um marco para entender mais sobre este
fenômeno.
Segundo os astrônomos, o que
o satélite capturou foi a destruição de uma estrela por meio de efeitos
gravitacionais – as chamadas "perturbações de maré", ou da sigla em
inglês TDE. O fenômeno ocorre quando as forças do buraco negro supermassivo
dominam a gravidade do corpo celeste e o despedaçam.
De acordo com a pesquisa, a
interação que recebeu o nome de "ASASSN-19bt" emitiu uma luz que pôde
ser identificada pelo telescópio espacial do satélite TESS, um "caçador de
planetas" – lançado para identificar formações ainda desconhecidas.
A
descoberta em 5 fatos
1.O satélite TESS é um
"caçador de planetas", mas também registrou este fenômeno
2.Observação original foi
feita em 29 de janeiro de 2019
3.Este buraco negro tem 6
milhões de vezes a massa do Sol
4.Dados ajudarão a entender
mais sobre as "perturbações da maré"
5.Cientistas conseguirão
saber de que era formada a estrela pela sua radiação
Os cientistas explicam que,
em uma destruição como esta, parte do material da estrela que é
"engolido" pelo buraco negro emite um disco de gás quente e
brilhante. Os especialistas estimam que este buraco negro tem a massa de mais
de 6 milhões de sóis.
Fenômeno
é paradigma
“Apenas alguns TDE foram
descobertos antes de atingirem o pico de brilho, e ele foi encontrado apenas
alguns dias depois que começou a clarear", celebrou, em nota, o astrônomo
Thomas Holoien, um dos autores do estudo. O pesquisador destacou que,
por estar dentro da zona de visualização contínua do satélite TESS, o fenômeno
pôde ser acompanhado com atualizações quase em tempo real, a cada 30 minutos.
Além disso, explicou que há
dados dos últimos meses que podem identificar toda a trajetória do fenômeno, e
não só o momento de luz. Isso nunca foi feito antes e torna a perturbação
ASASSN-19bt um paradigma nas pesquisas sobre TDE. As perturbações de maré são
raras e, segundo a Nasa, este fenômeno foi observado apenas 40 vezes na
história, mas nenhuma vez foi acompanhado desde o princípio como agora.
Composição
da estrela
O cientista norte-americano
comentou que observava o céu do Chile, na noite da descoberta, com um
equipamento de espectrometria. Com os resultados captados pelo dispositivo, ele
conseguirá identificar quais são os materiais que formavam a estrela destroçada. Equipamentos utilizados pelo astrônomo separam os espectros da luz de um objeto
ou evento celeste. Com isso, há o registro dos comprimentos de onda emitidos
pela estrela.
Parecido com um código de
barras, o desenho da radiação eletromagnética traz informações sobre o material
e a velocidade em que a estrela se deslocavam. Ele é formado quase como um
arco-íris, que decompõe a luz do sol por meio de um prisma.
O
que é um buraco negro?
Os buracos negros são uma
enorme quantidade de massa concentrada em um espaço muito reduzido. Seu campo
gravitacional é tão forte que ele atrai para si tudo o que se aproxima dele,
inclusive a luz.
Como
surgem os buracos negros?
Além da colisão entre dois
buracos pré-existentes, outra forma de produzir um buraco negro é quando uma
estrela muito massiva (tem grande massa) deixa de emitir luz no final da sua
vida. O centro dessa estrela entra em colapso e ocorre a chamada explosão
supernova. Isso pode produzir um buraco negro "estelar".
De acordo com a Nasa, a
maioria dos buracos negros é desse tipo, ou seja, uma espécie de “objeto em
colapso congelado”. Os detalhes de por que isso acontece ainda são um mistério
para os cientistas.
Qual
é o tamanho de um buraco negro?
Ainda há muito o que se
descobrir sobre os buracos negros, mas sabemos que eles podem ter tamanhos
diversos. Os buracos negros estelares, que podem ter tamanho dezenas de vezes
maiores do que o nosso Sol, costumam ser menores que os supermassivos.
Um buraco negro supermassivo,
por exemplo, pode ser milhões de vezes maior que o Sol. Ao mesmo tempo, essa
massa gigantesca é muito compacta, e pode ocupar, por exemplo, um espaço
consideravelmente menor do que o de um planeta pequeno do Sistema Solar.
Fonte: G1
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