Concluído o primeiro mapa geológico global de Titã
O primeiro mapa geológico global de Titã é baseado em imagens óticas e de radar obtidas pela missão Cassini da NASA, que orbitou Saturno entre 2004 e 2017. As legendas assinalam a posição de algumas das características superficiais mais famosas da lua.Crédito: NASA/JPL-Caltech/ASU
O primeiro mapa que mostra a
geologia global da maior lua de Saturno, Titã, foi concluído e revela
completamente um mundo dinâmico de dunas, lagos, planícies, cratera e outros terrenos. Titã é o único corpo
planetário no nosso Sistema Solar, além da Terra, que possui líquidos estáveis
à sua superfície.
Mas, em vez de chover água das nuvens e de encher lagos e
mares como na Terra, em Titã, o que chove é metano e etano - hidrocarbonetos
que consideramos gases, mas que se comportam como líquidos no clima frio de
Titã.
"Titã tem um ciclo
hidrológico ativo baseado no metano que moldou uma paisagem geológica complexa,
fazendo da sua superfície uma das mais geologicamente diversificadas do Sistema
Solar," comenta Rosaly Lopes, geóloga planetária no JPL da NASA em
Pasadena, Califórnia, autora principal de uma nova investigação usada para
desenvolver o mapa.
"Apesar dos diferentes
materiais, temperaturas e campos de gravidade entre a Terra e Titã, muitas
características da superfície possuem semelhanças entre os dois mundos e podem
ser interpretadas como produtos dos mesmos processos geológicos. O mapa mostra
que os diferentes terrenos geológicos têm uma distribuição clara com latitude, globalmente,
e que alguns terrenos cobrem muito mais área do que outros."
Lopes e a sua equipa, que
inclui Michael Malaska do JPL, trabalharam com o geólogo planetário David
Williams, da Escola de Exploração da Terra e do Espaço da Universidade Estatal
do Arizona em Tempe, EUA. As suas descobertas, que incluem a idade relativa dos
terrenos geológicos de Titã, foram recentemente publicadas na revista Nature
Astronomy.
A equipa de Lopes usou dados
da missão Cassini da NASA, que operou de 2004 a 2017 e que realizou mais de 120
passagens rasantes pela lua do tamanho de Mercúrio. Especificamente, usaram
dados do radar da Cassini para penetrar na atmosfera opaca de azoto e metano de
Titã. Em adição, a equipa usou dados dos instrumentos visíveis e infravermelhos
da Cassini, capazes de capturar algumas das maiores características geológicas
de Titã através da neblina de metano.
"Este estudo é um
exemplo da utilização conjunta de dados e instrumentos," disse Lopes.
"Embora não tivéssemos cobertura global com radar de abertura sintética,
usámos dados de outros instrumentos e outros modos de radar para correlacionar
características das diferentes unidades de terreno, para podermos inferir o
aspeto dos terrenos mesmo em áreas onde não temos este tipo de cobertura."
Williams trabalhou com a
equipa do JPL para identificar quais as unidades geológicas em Titã que podiam
ser determinadas usando em primeiro lugar imagens de radar e depois extrapolar
essas unidades para regiões não cobertas por radar. Para tal, usou a sua experiência
de trabalho com imagens de radar da sonda Magellan (em Vénus) da NASA e com um
mapa geológico regional anterior de Titã que ele desenvolveu.
"A missão Cassini da
NASA revelou que Titã é um mundo geologicamente ativo, onde hidrocarbonetos
como o metano e o etano assumem o papel que a água tem na Terra,"
acrescentou Williams. "Estes hidrocarbonetos chovem para a superfície,
fluem em riachos e rios, acumulam-se em lagos e mares e evaporam-se para a
atmosfera. É um mundo bastante surpreendente!"
Fonte: Astronomia OnLine
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