Encontro da Via Láctea com a Grande Nuvem de Magalhães rende efeitos violentos
AdicA Grande Nuvem de Magalhães (Imagem: Reprodução/Zdeněk Bardon/ESO)ionar legenda |
Um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Edimburgo revelou que a Grande Nuvem de Magalhães (LMC), uma galáxia anã que orbita nossa galáxia, está puxando, torcendo e deformando o disco da Via Láctea de forma nada tranquila, devido à força gravitacional do halo de matéria escura que a envolve.
Os cientistas acreditam que a
LMC cruzou os limites da Via Láctea há 700 milhões de anos, um passado recente
em termos cosmológicos. Em função da grande presença de matéria escura —
partículas presentes à volta da galáxia com grandes efeitos gravitacionais no
movimento das estrelas e gases — nela, a Via Láctea e sofreu efeitos intensos
que ainda podem ser observados. Hoje, a LMC é considerada uma galáxia satélite
da Via Láctea, e pode ser observada no céu do hemisfério sul como uma nuvem de
brilho fraco.
A presença da matéria escura
não é novidade. Estudos anteriores já haviam mostrado que esta galáxia, assim
como a Via Láctea, está cercada por um halo de matéria escura. Assim,
cientistas da Universidade de Edimburgo utilizaram um modelo estatístico
sofisticado que calcula a velocidade das estrelas mais distantes da nossa
galáxia, e descobriram os efeitos da LMC no movimento da Via Láctea: o halo de
matéria escura da LMC está puxando e torcendo o disco da Via Láctea à
velocidade de 32 km/s ou a 115.200 km/h em direção à constelação Pegasus.
Eles ficaram surpresos ao
descobrir que a Via Láctea não estava se movendo em direção à localização atual
da LMC como se pensava, mas sim em direção a um ponto já passado em sua
trajetória. Para a equipe, isso acontece porque a LMC, alimentada por sua força
gravitacional massiva, está se separando da Via Láctea à velocidade de 370
km/s, ou 1,3 milhões de quilômetros por hora; então, é como se a Via Láctea
estivesse tentando acertar um alvo que se move muito rapidamente, mas não está
mirando bem.
Essa descoberta deve ajudar os cientistas a desenvolverem novas técnicas de modelagem que capturem as dinâmicas interplanetárias que ocorrem entre as duas galáxias: “a descoberta quebra definitivamente o ‘feitiço’ de que nossa galáxia está em algum tipo de estado de equilíbrio”, diz Jorge Peñarrubia, um dos autores do estudo.
Nos
próximos passos, os astrônomos planejam descobrir a direção pela qual a LMC
veio na Via Láctea e o momento exato em que isso aconteceu. Essas informações
vão revelar a quantidade e a distribuição da matéria escura na Via Láctea e no
LMC com detalhes sem precedentes. “Nossas descobertas exigem uma nova geração
de modelos da Via Láctea para descrever a evolução da nossa galáxia”, explica
Michael Petersen, principal autor.
O artigo com os resultados do
estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
Fonte: Canaltech.com.br
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