Primeira medição da densidade de um planeta muito jovem
Uma equipe de investigação
liderada por cientistas do IRAP (CNRS/CNES/Université Toulouse III - Paul
Sabatier) e do IPAG (CNRS/UGA) mediu pela primeira vez a densidade interna de
um exoplaneta muito jovem que orbita uma estrela extremamente ativa e recém-formada.
Apesar do "ruído" gerado pela atividade da estrela, conseguiram
fazê-lo usando o instrumento de caça exoplanetária SPIRou acoplado ao CFHT
(Canada-France-Hawaii Telescope). Os resultados foram publicados a semana
passada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
A estrela AU Microscopii (AU
Mic) não tem mais do que 22 milhões de anos. Por outras palavras, apenas alguns
meses caso a vida útil de uma estrela fosse reduzida à de um ser humano.
Portanto, é muito jovem, assim como o sistema planetário em seu redor, que
abriga um gigante gasoso chamado AU Mic b.
A massa e a densidade de AU
Mic, b, que foi detetado pela primeira vez pelo satélite TESS da NASA, foram
agora determinadas usando o espectropolarímetro SPIRou. Os valores revelaram-se
muito semelhantes aos de Neptuno, que é mais de 4 mil milhões de anos mais
velho. No entanto, a órbita do exoplaneta está 450 vezes mais próxima da sua
estrela do que Neptuno está do Sol. A sua atmosfera tem uma temperatura de
cerca de 300º C, pelo que pertence à família dos "Neptunos quentes".
A sua estrela, que é
altamente ativa por ser tão jovem, gera campos magnéticos muito fortes,
tornando extremamente difícil a análise do sinal de AU Mic b. No entanto, as
capacidades de alto desempenho do SPIRou, juntamente com o trabalho realizado
pelos cientistas do IRAP e do IPAG, finalmente tornaram possível a determinação
da sua massa e, portanto, da sua densidade, apesar do "ruído" gerado
pela atividade de AU Mic.
Esta é a primeira vez que os
astrónomos medem com sucesso a massa (usando o SPIRou) e o raio (graças ao
TESS) de um exoplaneta com menos de 200 milhões de anos. É também o primeiro
exoplaneta cuja massa foi medida pelo SPIRou, um instrumento de próxima geração
projetado e construído sob a supervisão de equipas francesas e recentemente
acoplado ao CFHT.
Noutros três artigos
científicos publicados recentemente, as equipas envolvidas com o SPIRou também
confirmaram o desempenho incomparável do novo instrumento e estudaram outra
característica de AU Mic b, a inclinação da sua órbita. Esta acabou por estar
bem alinhada com o planeta equatorial da sua estrela, sugerindo que a sua
formação não foi afetada por outros objetos massivos.
Todas estas descobertas fornecem informações adicionais que vão ajudar os cientistas a refinar os modelos de formação e migração planetária.
Fonte: Astronomia OnLine
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