Buraco negro de massa intermédia é a chave para os gigantes nos centros das galáxias

 O novo buraco negro foi descoberto através da deteção de uma explosão de raios-gama ampliada gravitacionalmente. Crédito: Carl Knox, OzGrav

Um novo buraco negro quebra o recorde - não por ser o mais pequeno ou o maior - mas por estar bem no meio. O recém-descoberto buraco negro faz parte de um elo perdido entre duas populações de buracos negros: os buracos negros de massa estelar e os buracos negros supermassivos nos núcleos da maioria das galáxias. 

Num esforço conjunto, investigadores da Universidade de Melbourne e da Universidade Monash descobriram um buraco negro com aproximadamente 55.000 vezes a massa do Sol, um lendário buraco negro de "massa intermédia". 

O artigo que relata a descoberta foi publicado na revista Nature Astronomy. 

O autor principal e estudante de doutoramento da Universidade de Melbourne, James Paynter, disse que esta última descoberta lança uma nova luz sobre como os buracos negros supermassivos se formam. "Embora saibamos que estes buracos negros supermassivos se escondem nos núcleos da maioria, senão de todas as galáxias, não entendemos como estes gigantes são capazes de crescer tanto estando limitados à idade do Universo," disse. 

O novo buraco negro foi descoberto através da deteção de uma explosão de raios-gama ampliada gravitacionalmente. 

Observou-se que a explosão de raios-gama, um flash de meio segundo de luz altamente energética emitida por um par de estrelas em fusão, teve um "eco" revelador. Este eco é provocado pelo buraco negro de massa intermédia, que desvia o percurso da luz no seu caminho para a Terra, de modo que os astrónomos vêm o mesmo flash duas vezes. 

Um poderoso software desenvolvido para detetar buracos negros a partir de ondas gravitacionais foi adaptado para estabelecer que os dois flashes são imagens do mesmo objeto. 

"Este buraco negro recém-descoberto pode ser uma relíquia antiga - um buraco negro primordial - criado no início do Universo antes da formação das primeiras estrelas e galáxias," disse o coautor do estudo, o professor Eric Thrane da Escola de Física e Astronomia da Universidade Monash e investigador do OzGrav (ARC Centre of Excellence for Gravitational Wave Discovery). 

"Estes primeiros buracos negros podem ser as sementes dos buracos negros supermassivos que vivem no coração das galáxias hoje." 

A professora Rachel Webster, da Universidade de Melbourne, pioneira em lentes gravitacionais e coautora do estudo, disse que os achados têm potencial para ajudar os cientistas a fazer avanços ainda maiores. 

"Usando este novo candidato a buraco negro, podemos estimar o número total destes objetos no Universo. Previmos que isto poderia ser possível há 30 anos, e é emocionante ter descoberto um exemplo forte." 

Os investigadores estimam que existem cerca de 46.000 buracos negros de massa intermédia nas proximidades da nossa Galáxia, a via Láctea.

Fonte: Astronomia OnLine

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