Misteriosa supernova desprovida de hidrogénio lança luz sobre morte violenta das estrelas
Uma curiosa estrela amarela pré-supernova fez com que os astrofísicos
reavaliassem o que é possível durante a morte das estrelas mais massivas do
nosso Universo. A equipa descreve a estrela peculiar num novo estudo publicado
na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
No final das suas vidas, estrelas frias e amarelas são tipicamente
envoltas em hidrogénio, que esconde o interior azul e quente da estrela. Mas
esta estrela amarela, localizada a 35 milhões de anos-luz da Terra no enxame
galáctico de Virgem, misteriosamente não tinha esta camada crucial de
hidrogénio no momento da explosão.
"Nunca tínhamos visto este cenário," disse Charles
Kilpatrick, pós-doutorado do CIERA (Center for Interdisciplinary Exploration
and Research in Astrophysics) da Universidade Northwestern, que liderou o
estudo. "Se uma estrela explodir sem hidrogénio, ela deve ser extremamente
azul - muito, muito quente. É quase impossível para uma estrela ser tão fria
sem ter hidrogénio na sua camada externa. Examinámos cada modelo estelar que
pudesse explicar uma estrela como esta, e cada modelo requer que a estrela
tivesse hidrogénio, o que, pela sua supernova, sabemos que não tinha. Isto
estica o que é fisicamente possível."
Kilpatrick também é membro do levantamento YSE (Young Supernova
Experiment), que usa o telescópio Pan-STARRS em Haleakalā, Hawaii, para avistar
supernovas logo após a sua explosão. Depois do YSE ter detetado a supernova
2019yvr na galáxia espiral relativamente próxima NGC 4666, a equipa usou imagens
obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA, que felizmente já tinha
observado esta secção do céu dois anos e meio antes da estrela explodir.
"O que as estrelas massivas fazem antes de explodirem é um grande
mistério não resolvido," disse Kilpatrick. "É raro ver este tipo de
estrela logo antes de explodir como supernova."
As imagens do Hubble mostram a fonte da supernova, uma estrela massiva
fotografada apenas alguns anos antes da explosão. Vários meses depois da
explosão, no entanto, Kilpatrick e a sua equipa descobriram que o material
ejetado na explosão final da estrela parecia colidir com uma grande massa de
hidrogénio. Isto levou a equipa a levantar a hipótese de que a estrela
progenitora poderia ter expelido o hidrogénio alguns anos antes da sua morte.
"Os astrónomos suspeitam que as estrelas sofrem erupções violentas
nos anos que antecedem a supernova," disse Kilpatrick. "A descoberta
desta estrela fornece algumas das evidências mais diretas já encontradas de que
as estrelas passam por erupções catastróficas, que as fazem perder massa antes
de uma explosão. Se a estrela sofria estas erupções, então provavelmente
expulsou o seu hidrogénio várias décadas antes de explodir."
No novo estudo, a equipa de Kilpatrick também apresenta outra
possibilidade: uma estrela companheira menos massiva pode ter removido o
hidrogénio da estrela progenitora da supernova. No entanto, a equipa não será
capaz de procurar a estrela companheira até que o brilho da supernova diminua,
o que pode levar até uma década.
"Ao contrário do seu comportamento normal logo após a explosão, a
interação do hidrogénio revelou que é uma espécie de supernova
excêntrica," disse Kilpatrick. "Mas é excecional que tenhamos
conseguido encontrar a sua estrela progenitora nos dados do Hubble. Daqui a
quatro ou cinco anos, acho que seremos capazes de aprender mais sobre o que
aconteceu."
Fonte: Astronomia OnLine
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