Fusão de buracos negros pode emitir luz visível?
Luz da escuridão
Uma nota publicada pela NASA na última sexta-feira chamou a atenção
para uma pesquisa publicada sem grande alarde em junho passado, mas que aponta
para uma possibilidade intrigante.
Os buracos negros são completamente escuros em termos de luz visível -
eles emitem a chamada radiação Hawking - e seria de se esperar que esse quadro
permanecesse o mesmo no caso de colisões ou fusões desses corpos supermassivos.
Se Graham e seus colegas estiverem certos, eles podem ter comprovado
essas teorias.
Na mesma hora e no mesmo local
A equipe está bem fundamentada em seus argumentos porque eles não
detectaram um clarão de luz qualquer: O sinal detectado coincide com um evento
chamado GW190521, uma detecção de ondas gravitacionais feita pelos
observatórios LIGO e Virgo em 21 de maio de 2019 - na verdade, esta foi a fusão
dos maiores buracos negros que se tem notícia.
A observação da luz visível foi feita por um telescópio automatizado,
que fica varrendo o céu continuamente em busca de qualquer evento cataclísmico,
como explosão de supernovas, fusão de estrelas etc.
"O brilho ocorreu na escala de tempo certa e no local certo, para
ser coincidente com o evento de onda gravitacional. Em nosso estudo, concluímos
que o brilho é provavelmente o resultado de uma fusão de buraco negro, mas não
podemos descartar completamente outras possibilidades," disse Graham.
Confirmação da teoria
Segundo as equipes que estudam as ondas gravitacionais, o evento
GW190521 foi produzido pela fusão de dois buracos negros, um com 85 e outro com
66 massas solares. O buraco negro resultante teria uma massa equivalente a 142
massas solares, com as 9 massas solares restantes sendo irradiadas como
energia, praticamente tudo na forma de ondas gravitacionais.
A teoria que a equipe do Observatório Palomar está cogitando indica
que, assim que os buracos negros se fundem, o buraco negro resultante, agora
maior, sofreria uma sacudida tão grande que sairia em uma direção aleatória,
atravessando o material que orbitava os antigos buracos negros além dos seus
horizontes de evento.
"É a reação do gás a esse projétil veloz que cria uma erupção
brilhante, visível com telescópios," defende Barry McKernan, membro da
equipe.
A previsão é que essa hipotética erupção de luz visível comece dias a
semanas após a liberação inicial das ondas gravitacionais produzidas durante a
fusão. Nesse caso, a equipe não detectou o evento imediatamente, mas somente
quando se voltou para os dados do telescópio robótico e examinou as imagens
arquivadas, encontrando um sinal que começou no mesmo local, mas alguns dias
após o evento de ondas gravitacionais de maio de 2019.
E agora eles sabem onde devem ficar de olho para confirmar sua
descoberta. Se a teoria estiver correta, o buraco negro recém-formado deverá
causar outra explosão com emissão de luz visível nos próximos anos. Isto porque
o processo de fusão deu ao objeto um chute tão forte que deverá fazer com que
ele entre novamente no disco do buraco negro maior (anterior à fusão),
produzindo outro flash de luz que o telescópio robótico deverá ser capaz de
captar.
Fonte: Inovação Tecnológica
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