Pesquisa calcula quantos buracos negros existem no espaço
Buracos negros são as regiões do universo mais díficeis de serem
detectadas, tendo em vista que são tão escuros quanto o espaço que os cercam.
Eles só são localizados em circunstâncias especiais, como quando se fundem,
liberando ondas gravitacionais que ajudam os cientistas a entender a astrofísica
desses elementos cósmicos. Um estudo recente afirma que existem potencialmente milhões de pequenos
buracos negros ainda a serem detectados em nossa vizinhança. Sendo assim, daria
para saber quantos buracos negros existem no espaço?
Do que são feitos os buracos
negros
Para um buraco negro existir, é necessário que tenham existido
estrelas, porque os buracos negros vêm da morte de estrelas. Portanto, para
descobrir quantos buracos negros existem no universo, os pesquisadores por trás
do estudo, que foi publicado no jornal pré-impresso arXiv e aceito para
publicação no The Astrophysical Journal, tiveram que dar alguns passos para
trás.
Segundo o site Space, o primeiro passo dos cientistas foi modelar a
evolução galáctica ao longo de bilhões de anos de história cósmica. Afinal, as
galáxias são os lares das estrelas, e sua evolução geral afeta todos os tipos
de estrelas que aparecem dentro delas.
Por exemplo, algumas galáxias podem formar continuamente novas estrelas
ano após ano cósmico. Outras podem sofrer eventos de fusão que desencadeiam uma
rodada de formação de estrelas incrivelmente alta, apenas com o objetivo de
simplesmente se extinguirem e nunca mais produzirem nada digno de nota.
Os astrônomos fizeram observações conhecidas das estatísticas de
galáxias ao longo do tempo cósmico, observando a tendência geral das taxas de
fusão galáctica e dados demográficos.
Outro fator chave é a chamada “metalicidade” de uma galáxia, que é uma
medida da quantidade de outros elementos além de hidrogênio e hélio dentro dela
– os metais. Galáxias maiores terão mais gás, o que lhes permite formar mais
estrelas. Por sua vez, uma maior quantidade de metais pode aumentar o
resfriamento do gás, o que ajuda as galáxias a produzirem novas estrelas com
eficiência.
De posse dessas informações, os astrônomos tinham um modelo da
população estelar dentro das galáxias, que informava quantas estrelas pequenas,
médias e grandes aparecem no universo.
Levantamento de morte das
estrelas
Então, eles precisaram rastrear a evolução – e o mais importante, as
mortes – dessas estrelas. Para fazer isso, a equipe recorreu a simulações, que
conectavam as propriedades de uma estrela em particular (sua massa e
metalicidade) ao seu tempo de vida e eventual desaparecimento.
Apenas uma fração das estrelas maiores produzem buracos negros, e essas
simulações mostraram aos astrônomos a porcentagem das estrelas de uma galáxia
que se apagam a cada ano.
Em seguida, os cientistas precisaram rastrear a evolução dos sistemas
binários, já que os buracos negros podem se alimentar de estrelas irmãs, sendo
tragados em seu gás no processo. Assim, um buraco negro formado em um sistema
binário acabará sendo maior do que um buraco negro nascido sozinho.
À medida que os buracos negros envelhecem, eles continuam a se
alimentar de qualquer gás circundante, de acordo com o que os astrônomos também
estimaram. Por último, ocasionalmente os buracos negros se encontram na
escuridão do espaço interestelar e se fundem. Portanto, para produzir um
levantamento preciso, a equipe precisou estimar a taxa de fusão de buracos
negros dentro de cada galáxia.
Censo astronômico revela
quantidade de buracos negros no espaço
Juntando todas as peças, os astrônomos foram capazes de rastrear a população
de buracos negros ao longo de bilhões de anos. Eles produziram o que é chamado
de “função de massa”, que é uma espécie de censo astronômico, relatando quantos
buracos negros de cada tamanho existem em qualquer ponto do tempo.
Na descoberta, eles identificaram, não surpreendentemente, que os
maiores buracos negros – buracos negros supermassivos – são muito mais raros do
que seus primos menores. Segundo o estudo, em cada megaparsec cúbico de espaço (onde um
megaparsec é um milhão de parsecs, ou 3,26 milhões de anos-luz), nosso universo
hospeda buracos negros equivalente a cerca de 50 milhões de massas solares.
Se cada buraco negro tem algumas vezes a massa do Sol, isso se traduz
em cerca de 10 milhões de buracos negros individuais no mesmo volume.
Para colocar isso em perspectiva, a quantidade total de massa contida
pelos buracos negros é cerca de 10% da massa das estrelas. Portanto, para todas
as estrelas que você vê no céu noturno, há muitos buracos negros em suas
adjacências.
Como os buracos negros supermassivos são extremamente raros, cada
galáxia geralmente hospeda apenas um desses gigantes, segundo a pesquisa.
Fonte: Olhar Digital
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