Astrônomos descobrem superterra perto de zona habitável de anã vermelha
Chamado de Ross 508 b, exoplaneta tem 4 vezes a massa terrestre e está a 36,59 anos-luz de distância da Terra
Representação artística de uma Super-Terra orbitando uma estrela anã
vermelha (Foto: Gabriel Pérez Díaz, SMM/IAC)
Uma superterra foi detectada orbitando uma estrela anã vermelha perto
de uma zona habitável, a 36,59 anos-luz de distância da Terra. O registro é um
resultado inédito de uma pesquisa com o Telescópio Subaru do Observatório
Astronômico Nacional do Japão (NAOJ), localizado no Havaí.
A descoberta, que ainda deve ser revisada por pares, foi
disponibilizada na terça-feira (24) na plataforma de pré-print arxiv.org.
Segundo a Nasa, uma superterra é um planeta mais massivo do que a Terra, porém
mais leve que os gigantes de gelo do sistema solar, Netuno e Urano.
Ross 508b
O exoplaneta identificado no novo estudo se chama Ross 508 b e tem 4
vezes a massa terrestre. Isso sugere que o planeta é provavelmente rochoso e
não gasoso. Segundo o estudo, Ross 508 b está perto de uma zona habitável, isto
é, está quase que em uma distância da estrela na qual a água líquida poderia
existir em sua superfície. Ainda assim, continua improvável que essa superterra
possa abrigar a vida como conhecemos.
A descoberta já demonstra, contudo, a eficácia das técnicas usadas para
localizar pequenos planetas em torno de estrelas fracas — como é o caso da anã
vermelha Ross 508. Esses métodos costumam funcionar melhor em gigantes gasosos,
orbitando a distâncias muito próximas e quentes demais para água líquida.
A pesquisa reforça a ideia de que é possível encontrar outros tipos de
mundos, ainda que isso seja mais difícil. O projeto começou em 2019, quando uma
equipe internacional de astrônomos liderada pelo NAOJ usou o Telescópio Subaru
para procurar estrelas anãs vermelhas fracas e seus exoplanetas.
A superterra Ross 508 b, que orbita sua estrela a cada 10,75 dias, é o
primeiro planeta a ser identificado pela iniciativa. Para tal, o grupo utilizou
o método Doppler, uma técnica menos comum que o método de trânsito, que mede
quedas na luz das estrelas. Essa metologia, em vez do enfraquecimento da
luminosidade, avalia o deslocamento da luz estelar que atinge a Terra,
permitindo detectar planetas menores com órbitas mais amplas.
Graças ao Doppler, o projeto conseguiu descobrir mais de 3,8 mil
exoplanetas. Quanto maior a curva de luz estelar causada por planetas maiores,
mais fácil é a detecção deles. No caso da estrela Ross 508, seu brilho é muito
menor e mais fraco que o Sol. A radiação da anã vermelha que atinge a
superterra é apenas 1,4 vezes a que afeta a Terra.
De acordo com o site Science Alert, Ross 508, com 18% da massa do Sol,
é uma das estrelas menores e mais fracas já descoberta em órbita usando velocidade
radial. No futuro, pesquisas com o uso dessa velocidade em comprimentos de onda
infravermelhos poderão revelar um vasto tesouro de exoplanetas orbitando
estrelas fracas.
O monitoramento de uma estrela vermelha tão fraca requer uma grande abertura de telescópio e um espectrógrafo de alta precisão. “Pesquisas futuras com o método Doppler e outros espectrógrafos no infravermelho próximo de alta precisão permitirão a descoberta de planetas em torno de mais estrelas como Ross 508, e estabelecerá a diversidade de seus sistemas planetários”, eles escreveram, no estudo.
Fonte: Galileu
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