Futuros telescópios espaciais poderão revelar os mistérios dos buracos negros
Através da interferometria espacial, futuros telescópios podem
conseguir observar o que há além do horizonte de eventos dos buracos negros,
região de onde nem a luz escapa. A ideia foi proposta por uma equipe de
pesquisadores liderada por Leonid Gurvits, do consórcio europeu de pesquisa
Joint Institute for Very Long Baseline Interferometry European Research
Infrastructure Consortium (JIVE ERIC).
Os buracos negros são alguns dos objetos mais misteriosos que
conhecemos. O mais comum é que os estudos fiquem restritos aos efeitos que
causam em seus arredores, mas em 2019 o projeto Event Horizon Telescope revelou
a imagem do buraco negro da galáxia M87, a primeira já capturada destes
objetos.
A imagem foi capturada graças à Interferometria de Longa Linha de Base
(VLBI), que ajudou os cientistas a “ver” o anel brilhante ao redor do buraco
negro M87*. Agora, a equipe de astrônomos envolvidos no estudo afirma que uma
missão de interferometria baseada no espaço pode revelar ainda mais segredos
dos buracos negros.
Nesta técnica, vários observatórios coletam a luz de um único objeto —
no caso da VLBI, os astrônomos conseguiram detectar radiação em comprimentos de
onda de milímetros e submilímetros.
Simulação do anel de fótons ao redor do buraco negro M87* (Imagem: Reprodução/Andrew Chael, et al)
Após registrar a imagem do buraco negro M87* e da matéria ao redor dele
sendo engolida enquanto é distorcida pela gravidade, o próximo passo para a
comunidade astronômica é registrar o anel de fótons; trata-se de uma região em
que a gravidade é tão intensa que os fótons viajam em órbitas ao redor do
buraco negro. Assim, instalações espaciais de VLBI podem capturar imagens
detalhadas destes anéis e, quem sabe, do horizonte de eventos do buraco negro.
Pensando nisso, os autores destacaram o potencial do futuro telescópio
Terahertz Exploration and Zooming-in for Astrophysics (THEZA). Este é um
conceito que sugere usar a interferometria espacial para o estudo da física do
espaço-tempo nos arredores dos buracos negros supermassivos. Um interferômetro
baseado no conceito do telescópio THEZA poderia permitir observações de buracos
negros a frequências maiores, sem a interferência da atmosfera terrestre.
Para o Dr. Zsolt Paragi, coautor do estudo, o THEZA pode revelar os
processos por trás do crescimento dos buracos negros no início do universo. “E,
mais importante, o THEZA ampliará nossos horizontes para a coleta de medidas
detalhadas da sombra dos buracos negros”, ressaltou. “Isso resultará em um
melhor entendimento da gravidade, o que é importante, porque a gravidade tem
papel fundamental na definição do universo”.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório
online arXiv, sem revisão de pares.
Fonte: Canaltech
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