Telescópio James Webb faz imagem sem precedentes da Grande Nuvem de Magalhães
Conforme noticiado pelo Olhar Digital, o Telescópio Espacial James Webb
(JWST) está a um passo de começar a operar efetivamente, e os engenheiros
responsáveis pelo observatório estão fazendo os ajustes finais nos instrumentos
que o compõem. Algumas imagens de teste foram feitas e divulgadas pela equipe
durante a fase de comissionamento, ao longo dos últimos meses. Agora, um alvo
notável entrou em foco: a Grande Nuvem de Magalhães.
De acordo com Scott Friedman, cientista-chefe de comissionamento do JWST
no Instituto de Telescópios de Ciência Espacial da NASA, o principal objetivo
do registro de nosso vizinho galáctico era calibrar qualquer distorção e
aprimorar a nitidez das imagens. Usando seu instrumento mais frio, o
Mid-Infrared Instrument (MIRI), o telescópio de próxima geração foi capaz de
captar a Grande Nuvem de Magalhães com uma clareza sem precedentes na história
das observações astronômicas, comprovando seu altíssimo desempenho.
A nova imagem do MIRI mostra a química do gás interestelar da galáxia
nos melhores detalhes até agora, incluindo a emissão de moléculas de carbono e
hidrogênio chamadas “hidrocarbonetos aromáticos policíclicos”, considerados
alguns dos blocos de construção da vida. Em entrevista coletiva transmitida ao
vivo pela Internet na segunda-feira (9), cientistas da equipe disseram que essa
capacidade de captação de imagem é fundamental para ajudar o telescópio a
entender como estrelas e sistemas protoplanetários são formados.
Este é um exemplo científico muito bom do que Webb fará por nós nos
próximos anos”, disse Chris Evans, cientista de projetos do observatório na
Agência Espacial Europeia (ESA), parceira da missão.
“Fizemos muitos estudos sobre a formação de estrelas e planetas em
nossa própria galáxia, mas aqui estamos olhando para isso nas Nuvens de
Magalhães, tão pequenas galáxias externas, que são quimicamente menos evoluídas
do que nossa Via Láctea”, acrescentou Evans. “Então, isso nos dá a chance de
olhar para os processos de formação de estrelas e planetas em um ambiente muito
diferente de nossa própria galáxia”.
Perspectiva detalhada do
telescópio James Webb permite visão inédita dos processos das galáxias
Para efeito de comparação, a equipe divulgou a imagem ao lado de uma do
mesmo alvo feita pelo aposentado Telescópio Espacial Spitzer – um pioneiro, na
sua época, na geração de imagens de alta resolução do universo. Enquanto o Webb
fez sua foto a 7,7 mícrons, Spitzer registrou a 8,0 mícrons.
Segundo ele, a perspectiva detalhada e tão próxima do Webb fornecerá
“uma visão incrível dos processos em uma galáxia diferente pela primeira vez,
eliminando a poeira”.
“Estamos usando o infravermelho médio para olhar através do material
que de outra forma seria obscurecido em comprimentos de onda visíveis”,
explicou.
O novo telescópio espacial conta com um espelho primário muito maior,
detectores aprimorados e um ponto de observação superior ao do Spitzer, que
costumava operar em uma órbita terrestre, em oposição à órbita de Webb no
Segundo Ponto de Lagrange (L2) entre a Terra e o Sol, a cerca de 1,5 milhões de
km de distância. De acordo com seus cientistas, esses fatores vão permitir que
o observatório acesse informações infravermelhas com mais clareza do que seu
antecessor.
Conhecer a localização das estrelas da Grande Nuvem de Magalhães é uma
vantagem fundamental para os astrônomos, segundo Michael McElwain, cientista do
projeto JWST no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA. Podemos usá-las para calibrações astrométricas”, explicou,
acrescentando que isso é importante para calibrar os instrumentos científicos.
“Claro, essas imagens também são muito espetaculares”.
Em breve, o pessoal da missão também testará a capacidade do
observatório de rastrear objetos no sistema solar, como planetas, satélites,
anéis, asteroides e cometas. Os cientistas estarão focados em garantir que Webb
possa fazer isso corretamente, dado que ele é particularmente sensível à luz
das estrelas.
“Também mediremos mudanças no alinhamento do telescópio à medida que o
apontamos para diferentes locais”, disse Evans. Para isso, o Webb está passando
por um teste de estabilidade térmica, por meio do qual ele oscila entre
posições nas quais recebe mais ou menos luz solar.
Embora a equipe ainda não tenha divulgado em qual alvo ele vai se
concentrar primeiro quando seu trabalho de teste for concluído, os cientistas
afirmaram que o observatório está cumprindo o cronograma previsto para começar
sua ciência por volta de junho ou julho.
Fonte: Olhar Digital
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