Universo espelho pode ser resposta para mistérios cosmológicos
Há teorias indicando que a física quântica emerge na fronteira entre múltiplos universos. [Imagem: NASA/Site Inovação Tecnológica]
Ajustando as teorias à realidade
Físicos estão sugerindo a adoção de um modelo do Universo no qual
existe um "mundo-espelho" invisível de partículas que interagem com o
nosso mundo apenas através da força da gravidade. Segundo Francis Cyr-Racine e
seus colegas, esta pode ser uma boa solução para resolver um grande
quebra-cabeça na cosmologia moderna - o problema da constante de Hubble.
A constante de Hubble mostra a velocidade com que o Universo está se
expandindo na atualidade. O problema é que as previsões para esta taxa de
expansão, feitas a partir do modelo padrão da cosmologia, são
significativamente mais lentas do que a taxa encontrada por nossas medições
mais precisas. Além disso, as medições também não batem, com a "constante
variando" conforme a técnica que se utiliza.
Essa discrepância é uma dentre as muitas que os cosmólogos têm tentado
resolver mudando nosso modelo cosmológico atual. O desafio é fazer isso sem
arruinar a concordância que existe entre as previsões do modelo padrão e muitos
outros fenômenos cosmológicos, sobretudo o fundo cósmico de micro-ondas.
Universo-espelho
Para não precisar destruir o edifício que já está pronto, os
astrofísicos tentam achar uma saída partindo das equações que descrevem o
modelo mais aceito atualmente. Foi fazendo isto que Cyr-Racine e seus colegas descobriram uma
propriedade matemática no modelo cosmológico que ninguém havia percebido até
agora. E essa propriedade pode, em princípio, permitir uma taxa de expansão
mais rápida do Universo impondo apenas algumas ligeiras alterações nas outras
previsões do modelo, evitando assim conflitos - ou, pelo menos, grandes
conflitos - com as observações.
Os universos paralelos também estão presentes na teoria do Holograma Cósmico. Mas esta imagem mostra a radiação cósmica de fundo, que está no centro das controvérsias.[Imagem: ESA/Planck]
Especificamente, o trio descobriu que adotar uma escala uniforme das
taxas de queda livre gravitacional e da taxa de dispersão de fóton-elétron
deixa a maioria dos observáveis cosmológicos adimensionais quase invariantes.
"Basicamente, apontamos que muitas das observações que fazemos em
cosmologia têm uma simetria inerente ao redimensionar o Universo como um todo.
Isso pode fornecer uma maneira de entender por que parece haver uma
discrepância entre as diferentes medidas da taxa de expansão do Universo,"
explicou Cyr-Racine.
Se o Universo de alguma maneira obedece a essa nova simetria, as
equações levam a um quadro da realidade extremamente interessante: Que, no
espelho dessa simetria, existe um outro universo - um universo-espelho - muito
semelhante ao nosso, mas invisível para nós, exceto pelo seu impacto
gravitacional em nosso mundo.
Espelho de problemas
Um universo-espelho seria mais um elemento inexplicável, mas os físicos
já estão acostumados com um "setor escuro" carente de explicações,
com a energia escura e a matéria escura resistindo a todas as tentativas de
observação, o que torna um "universo-escuro" não tão difícil de
engolir. Com o benefício de que este mundo espelho permitiria um escalonamento
efetivo das taxas de queda livre gravitacional, respeitando a densidade média
dos fótons medida com precisão hoje.
"Na prática, essa simetria de escala só poderia ser realizada
incluindo um mundo espelho no modelo - um universo paralelo com novas
partículas que são todas cópias das partículas conhecidas. A ideia do mundo
espelho surgiu pela primeira vez na década de 1990, mas não foi reconhecida
anteriormente como uma solução potencial para o problema da constante de
Hubble.
"Isso pode parecer loucura, mas esses mundos-espelho têm uma
grande literatura na física em um contexto completamente diferente, uma vez que
eles podem ajudar a resolver problemas importantes na física de partículas.
Nosso trabalho nos permite vincular, pela primeira vez, essa grande literatura
a um problema importante na cosmologia," explicou Cyr-Racine.
É claro que, nesse meio tempo, pode ser que a discrepância entre as
diferentes técnicas para medir a constante de Hubble seja eliminada -
encontrando erros em algumas das medições, por exemplo -, o que faria com que
esse proposto universo-espelho torne-se desnecessário.
Fonte: Inovação Tecnológica
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