Um novo método para detetar exoplanetas
Nos
últimos anos, foi encontrado um grande número de exoplanetas em torno de
estrelas singulares. Uma nova investigação mostra que podem haver exceções a esta
tendência. Investigadores da Universidade Autónoma de Nuevo León, da
Universidade Nacional Autónoma do México e da Universidade de Nova Iorque em
Abu Dhabi sugerem uma nova forma de deteção de corpos ténues, incluindo
planetas, em órbita de estrelas binárias exóticas conhecidas como Variáveis
Cataclísmicas.
As
variáveis cataclísmicas são sistemas binários em que as duas estrelas estão
extremamente próximas uma da outra; tão próximas que o objeto menos massivo
transfere massa para o mais massivo. As variáveis cataclísmicas são tipicamente
formadas por um tipo pequeno e frio de estrelas conhecida como estrela anã
vermelha e uma estrela quente e densa - uma anã branca. As estrelas anãs
vermelhas têm uma massa entre 0,07 e 0,3 massas solares e um raio de cerca de
20% do Sol, enquanto as estrelas anãs brancas têm uma massa típica de cerca de
0,75 massas solares e um raio muito pequeno semelhante ao do planeta Terra.
Nos
sistemas de variáveis cataclísmicas, a transferência de matéria da estrela
pequena forma um disco de acreção em torno da estrela compacta, mais massiva. O
brilho de um sistema de variável cataclísmica provém principalmente deste
disco, e domina sobre a luz proveniente das duas estrelas. Um terceiro corpo
escuro em órbita de um binário deste tipo pode influenciar a taxa de
transferência de massa entre as duas estrelas e, por conseguinte, o brilho de
todo o sistema. O método descrito no novo trabalho baseia-se na mudança de
brilho no disco de acreção devido a perturbações do terceiro corpo que orbita
em torno das duas estrelas interiores.
Na
sua investigação, o líder da equipa Dr. Carlos Chavez e colaboradores estimaram
a massa e a distância de um terceiro corpo em órbita de quatro distantes
variáveis cataclísmicas diferentes, utilizando as alterações de brilho de cada
sistema. De acordo com cálculos efetuados pela equipa, tais variações de brilho
têm períodos muito longos em comparação com os períodos orbitais no sistema
triplo. Duas das quatro variáveis cataclísmicas parecem ter corpos semelhantes
a planetas em órbita à sua volta.
O
Dr. Chavez comenta as novas descobertas: "O nosso trabalho provou que um
terceiro corpo pode perturbar uma variável cataclísmica de tal forma que pode
induzir mudanças de brilho no sistema. Estas perturbações podem explicar tanto
os períodos muito longos que foram observados - entre 42 e 265 dias - como a
amplitude dessas alterações de luminosidade". Ele acrescenta: "Dos
quatro sistemas que estudámos, as nossas observações sugerem que dois dos
quatro têm objetos de massa planetária em órbita à sua volta".
Os
cientistas pensam que esta é uma nova técnica promissora para encontrar
planetas em órbita de sistemas estelares binários, somando-se aos milhares já
encontrados nas últimas três décadas.
Fonte: Astronomia OnLine
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