Como as galáxias evoluem? Peça-chave do enigma é encontrada
Uma
aluna de graduação da Universidade de Massachusetts Amherst (EUA) contribuiu
com um trabalho significativo sobre o crescimento de estrelas e buracos negros,
fornecendo informações importantes sobre como eles estão ligados. Essas novas
informações permitirão ao Telescópio Espacial James Webb (JWST) desvendar com
mais eficiência como exatamente as galáxias funcionam.
Os
astrônomos sabem que a evolução das galáxias é alimentada por dois processos: o
crescimento de buracos negros supermassivos no centro de cada galáxia e a
formação de novas estrelas. Como esses processos estão relacionados permanece
um mistério e é uma das questões que o recém-lançado James Webb estará
explorando. O trabalho de Meredith Stone, que se formou no programa de
astronomia da Universidade de Massachusetts Amherst em maio de 2022, ajudará os
cientistas a entender melhor como eles estão ligados.
Busca no infravermelho
“Sabemos
que as galáxias crescem, colidem e mudam ao longo de suas vidas”, disse Stone,
que completou essa pesquisa sob a orientação de Alexandra Pope, professora de
astronomia da Universidade de Massachusetts Amherst e autora sênior de um
artigo recentemente publicado na revista The Astrophysical Journal. “E sabemos
que o crescimento de buracos negros e a formação de estrelas desempenham papéis
cruciais. Achamos que os dois [processos] estão ligados e que regulam um ao
outro, mas até agora tem sido muito difícil ver exatamente como.”
Parte
da razão pela qual tem sido difícil estudar a interação entre buracos negros e
estrelas é que não podemos realmente ver essas interações porque elas ocorrem
atrás de enormes nuvens de poeira galáctica. “Para galáxias que estão formando
estrelas ativamente, mais de 90% da luz visível pode ser absorvida pela
poeira”, afirmou Pope, “e essa poeira absorve a luz visível”.
No
entanto, há uma solução alternativa: quando a poeira absorve a luz visível, ela
se aquece e, embora o olho humano não consiga ver o calor, os telescópios
infravermelhos podem. “Usamos o Telescópio Espacial Spitzer”, disse Stone, que
iniciará seus estudos de pós-graduação em astronomia na Universidade do Arizona
(EUA) no segundo semestre de 2022, “coletado durante a campanha Great
Observatories All-sky LIRG Survey (GOALS), para observar o faixa de comprimento
de onda infravermelho de algumas das galáxias mais brilhantes que estão
relativamente próximas da Terra.” Em particular, Stone e seus coautores estavam
procurando por marcadores que são as impressões digitais de buracos negros e
estrelas no meio da formação.
Calibragem aprimorada
A
dificuldade é que essas impressões digitais são extremamente fracas e quase
impossíveis de distinguir do ruído geral do espectro infravermelho. “O que
Meredith fez”, afirmou Pope, “foi calibrar as medidas desses marcadores para
que sejam mais distintos”.
Uma
vez que a equipe teve essas observações mais distintas em mãos, os
pesquisadores puderam ver que, de fato, o crescimento de buracos negros e a
formação de estrelas estão acontecendo simultaneamente nas mesmas galáxias e
parecem estar se influenciando. Stone conseguiu até calcular a proporção que
descreve como os dois fenômenos estão ligados.
Isso
não apenas é uma conquista científica empolgante por si só: o trabalho de Stone
pode ser retomado pelo JWST, com seu acesso sem precedentes à luz do espectro
infravermelho médio, e usado para se concentrar muito mais nas questões que
permanecem. Embora Stone e seus coautores tenham quantificado como buracos
negros e estrelas estão ligados na mesma galáxia, o motivo por que eles estão
ligados permanece um mistério.
Fonte: Revista Planeta
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