Visão ampla do Universo jovem revela indícios de galáxia muito primitiva
Duas novas imagens
pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA mostram o que podem ser as
galáxias mais primitivas algumas vez observadas. Ambas as imagens incluem
objetos de há mais de 13 mil milhões de anos e uma oferece um campo de visão
muito mais amplo do que o da imagem FDF (First Deep Field) do Webb, divulgada
com grande fanfarra a 12 de julho. As imagens representam algumas das primeiras
de uma grande colaboração de astrónomos e outros investigadores académicos que
se associaram à NASA e parceiros globais para descobrir novas perspetivas sobre
o Universo.
A equipe identificou um objeto particularmente excitante - denominado galáxia de Maisie
em honra da filha do chefe de projeto, Steven Finkelstein - que estimam que
esteja a ser observado apenas 290 milhões de anos após o Big Bang (os
astrónomos referem-se a isto como tendo um desvio para o vermelho de z=14).
A descoberta foi
publicada no site de pré-impressão arXiv e aguarda revisão por pares e
publicação numa revista da especialidade. Se o achado for confirmado, será uma
das galáxias mais primitivas alguma vez observadas, e a sua presença indicaria
que as galáxias começaram a formar-se muito mais cedo do que muitos astrónomos
pensavam anteriormente.
As imagens nítidas
e sem precedentes revelam uma mão cheia de galáxias complexas que evoluem ao
longo do tempo - alguns cata-ventos elegantemente maduros, outras manchas
juvenis, outras espirais. As imagens, que demoraram cerca de 24 horas a
recolher, são de uma zona do céu perto da "pega" da "frigideira"
da Ursa Maior. Esta mesma área do céu foi observada anteriormente pelo
Telescópio Espacial Hubble.
"É incrível
ver um ponto de luz pelo Hubble tornar-se numa galáxia linda e completamente
formada nas novas imagens do James Webb, e outras galáxias surgem do
nada", disse Finkelstein, professor associado de astronomia na
Universidade do Texas em Austin, EUA, e investigador principal do CEERS (Cosmic
Evolution Early Release Science Survey), do qual estas imagens foram obtidas.
A colaboração
CEERS é composta por 18 coinvestigadores de 12 instituições e mais de 100
colaboradores dos EUA e de nove outros países. Os investigadores do CEERS estão
a estudar como algumas das primeiras galáxias se formaram quando o Universo
tinha menos de 5% da sua idade atual, durante um período conhecido como
reionização.
Antes da chegada
dos dados atuais do telescópio, Micaela Bagley, investigadora pós-doutorada na
mesma universidade e uma das líderes de imagem do CEERS, criou imagens
simuladas para ajudar a equipa a desenvolver métodos de processamento e análise
das novas imagens. Bagley liderou um grupo que processava as imagens reais para
que os dados pudessem ser analisados por toda a equipe.
A imagem grande é
um mosaico de 690 quadros individuais que levaram cerca de 24 horas a recolher
utilizando o instrumento NIRCam (Near Infrared Camera). Esta nova imagem cobre
uma área do céu cerca de oito vezes maior do que a imagem FDF do Webb, embora
não seja tão profunda.
Os investigadores
usaram supercomputadores no TACC (Texas Advanced Computing Center) para o
processamento inicial da imagem: o supercomputador Stampede2 foi usado para
remover o ruído de fundo e artefactos, e o Frontera, o supercomputador mais
poderoso situado numa universidade norte-americana, foi utilizado para unir as
imagens e assim formar um único mosaico.
"O poder
computacional de alto desempenho tornou possível combinar uma miríade de
imagens para manter os quadros em memória, de uma só vez, para processamento,
resultando numa única imagem linda", acrescentou Finkelstein.
A outra imagem foi
obtida com o MIRI (Mid-Infrared Instrument). Em comparação com o NIRcam, o MIRI
tem um campo de visão mais pequeno, mas opera a uma resolução espacial muito
mais elevada do que os anteriores telescópios no infravermelho médio. O MIRI
deteta comprimentos de onda mais longos do que o NIRCam, permitindo aos
astrónomos ver poeira cósmica a brilhar em galáxias com formação estelar e
buracos negros a distâncias moderadamente grandes, e ver luz de estrelas mais
antigas a distâncias muito grandes.
Todo o programa CEERS vai envolver mais de 60 horas de tempo de telescópio. Muitos mais dados de imagem serão recolhidos em dezembro, juntamente com medições espectroscópicas de centenas de galáxias distantes.
Fonte: Astronomia OnLine
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