Ciclones que formam polígonos perfeitos em Júpiter intrigam astrônomos

 Pesquisadores buscam compreender origem das enormes tempestades de 4 mil a 7 mil km de largura, flagradas pela sonda Juno, da Nasa, nos polos norte e sul do planeta

Esta imagem composta do instrumento Jovian Infrared Auroral Mapper (JIRAM) da Juno mostra o ciclone central no polo norte de Júpiter e os oito ciclones que o circundam (Foto: NASA/JPL-Caltech/SwRI/ASI/INAF/JIRAM)

Ciclones que formam padrões geométricos perfeitos de polígonos se formam estranhamente nos polos de Júpiter. Em um novo estudo, cientistas fizeram novos achados sobre esse fenômeno misterioso, registrado pela missão Juno, da Nasa, que orbitou o planeta em 2016.

A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (22) na revista Nature Astronomy. Para investigarem os ciclones de Júpiter, os autores desenvolveram modelos de computador com base no que Juno revelou sobre os tamanhos e velocidades das tempestades. Eles procuraram fatores que podiam manter os padrões geométricos ao longo do tempo.

Os pesquisadores descobriram que a estabilidade dos padrões depende da profundidade dos ciclones na atmosfera jupteriana —  e principalmente dos anéis anticiclônicos ao redor de cada ciclone. Ou seja, os anéis de vento que giram na direção oposta à qual cada tempestade está rodando.

Quando os anéis anticiclônicos geram pouco efeito, os ciclones se fundem; já quando a blindagem deles é elevada, as tempestades podem se separar uma das outras. No polo norte de Júpiter, oito vórtices se sustentam em torno de um vórtice central em um padrão octogonal, enquanto no polo sul há seis formando um pentágono.

Desde que Juno descobriu os padrões em polígonos, os mesmos continuam estáveis. Em contraste, os pesquisadores citam que Saturno tem apenas um ciclone em cada polo. “Ficamos surpresos que os polos de Júpiter não sejam como os de outros planetas”, disse Cheng Li, principal autor do estudo e cientista planetário da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, ao portal Space.com.

Esta imagem da sonda Juno em novembro de 2019 mostra seis ciclones em um padrão hexagonal no polo sul de Júpiter. Um contorno dos Estados Unidos é sobreposto ao ciclone central com um contorno do estado do Texas sobre o ciclone mais recente (Foto: NASA/JPL-Caltech/SwRI/ASI/INAF/JIRAM)

Cada tempestade gigantesca no planeta gasoso tem tamanho variado de 4 mil a 7 mil km de largura, e circunda seus respectivos polos a distâncias de 8,7 mil km. Para avaliarem a formação dos polígonos, os cientistas mediram os ventos e a dinâmica das tempestades  com o instrumento Jovian InfraRed Auroral Mapper (JIRAM) de Juno.

No entanto, em contraste com pesquisas anteriores, os pesquisadores não encontraram “a assinatura esperada de convecção”, um processo pelo qual o calor é transferido através de fluidos agitados no planeta, de acordo com a revista Vice. Segundo os pesquisadores, são necessários trabalhos futuros para reconciliar esses dados conflitantes.

"No momento, não temos ideia do que os faz [os ciclones] sentarem neste ponto ideal", disse Li. Uma possibilidade para o especialista, porém, é que os ciclones se formaram próximos aos polos, onde estão localizados atualmente. Outra, considerada mais provável, é que eles se formaram em outros lugares e depois migraram para as regiões polares.

O mistério de como os ciclones se formaram em Júpiter é ainda difícil de se responder. “Porque envolve modelagem 3D detalhada de como esses vórtices são gerados, e há muitos parâmetros sobre esses vórtices que não conhecemos”, afirma Li. "Mas podemos tentar diferentes cenários para ver quais estruturas verticais podem gerar os perfis de velocidade do vento que observamos com esses ciclones e avançar a partir daí”, ele acrescenta.

Fonte: Galileu

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