Experimento de produção de oxigênio em Marte é um sucesso
Produção de oxigênio em Marte
Na superfície vermelha, empoeirada e gelada de Marte, a quase 160
milhões de quilômetros da Terra, um instrumento do tamanho de uma lancheira
está provando que pode fazer o trabalho de uma pequena árvore.
O equipamento, chamado MOXIE (sigla em inglês para "Experimento de
Utilização de Recursos in situ de Oxigênio em Marte") é um dos aparelhos a
bordo do rover Perseverança.
Ele produziu oxigênio em Marte pela primeira vez em fevereiro do ano
passado, e continuou a produzir desde então, comprovando a robustez e
confiabilidade da tecnologia, que produz o oxigênio quebrando as moléculas de
CO2 - a atmosfera de Marte é rica em dióxido de carbono.
Em um estudo publicado agora, os pesquisadores responsáveis pela missão
fizeram um balanço de toda a operação desde então, mostrando que o MOXIE
conseguiu produzir oxigênio em sete rodadas experimentais, em uma variedade de
condições atmosféricas, inclusive durante o dia e a noite, e em diferentes
estações marcianas.
Em cada rodada, o instrumento atingiu sua meta de produzir seis gramas
de oxigênio por hora - aproximadamente a mesma produção de uma pequena árvore
na Terra.
Os pesquisadores preveem que uma versão ampliada do MOXIE possa ser
enviada a Marte antes de uma missão humana, para produzir continuamente
oxigênio à taxa de várias centenas de árvores. Nessa capacidade, o sistema deve
gerar oxigênio suficiente para sustentar os astronautas quando eles chegarem,
além de abastecer um foguete para trazê-los de volta à Terra.
A versão atual do MOXIE foi projetada em pequena escala para caber a
bordo do rover Perseverança, e foi construída para funcionar por curtos
períodos, iniciando e desligando a cada corrida, dependendo do cronograma de
exploração do robô e das tarefas de outros equipamentos científicos a bordo. Já
uma futura fábrica de oxigênio em grande escala incluiria unidades maiores que
eventualmente poderão funcionar de modo contínuo.
Agora só falta testar o funcionamento do aparelho ao amanhecer e ao anoitecer.[Imagem: Jeffrey A. Hoffman et al. - 10.1126/sciadv.abp8636]
Como o oxigênio é produzido em
Marte
Apesar das concessões que tiveram que ser feitas no projeto atual do
MOXIE, o instrumento mostrou que pode converter a atmosfera de Marte em
oxigênio puro de forma confiável e eficiente.
Ele faz isso primeiro sugando o ar marciano através de um filtro, que o
limpa de contaminantes. O ar é então pressurizado e enviado através do SOXE
(Eletrolisador de Óxido Sólido), um instrumento que divide eletroquimicamente o
ar rico em dióxido de carbono em íons de oxigênio e monóxido de carbono.
Os íons de oxigênio são então isolados e recombinados para formar
oxigênio molecular respirável ou O2. O MOXIE mede a quantidade e avalia a
pureza antes de liberar o oxigênio na atmosfera marciana, juntamente com
monóxido de carbono e outros gases atmosféricos que não foram processados.
Desde o pouso do robô, em fevereiro de 2021, os engenheiros do MOXIE
iniciaram o instrumento sete vezes ao longo do ano marciano, cada vez levando
algumas horas para aquecer, depois mais uma hora para produzir oxigênio antes
de desligá-lo novamente. Cada corrida foi programada para uma hora diferente do
dia ou da noite, e em diferentes estações, para ver se o MOXIE poderia lidar
bem com mudanças nas condições atmosféricas.
"A atmosfera de Marte é muito mais variável do que a da Terra. A
densidade do ar pode variar por um fator de dois ao longo do ano, e a
temperatura pode variar em 100 graus. Um dos objetivos é mostrar que podemos
funcionar em todas as estações," disse Michael Hecht, do MIT, chefe de
pesquisas do MOXIE.
Até agora, o MOXIE mostrou que pode produzir oxigênio em quase qualquer
hora do dia e do ano marciano.
"A única coisa que não demonstramos foi rodar ao amanhecer ou ao
anoitecer, quando a temperatura está mudando substancialmente," diz Hecht.
"Nós temos um ás na manga que nos permitirá fazer isso e, uma vez que
testemos isso no laboratório, poderemos alcançar esse último marco para mostrar
que podemos realmente funcionar a qualquer momento."
Fonte: Inovação Tecnológica
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