Físicos sugerem existência de um novo tipo de matéria
As partículas exóticas detectadas pelo LHC indicam a existência de um novo tipo de matéria. [Imagem: CERN]
Pentaquarks
Em
2015, o detector LHCb, um dos grandes detectores do Grande Colisor de Hádrons
(LHC), detectou sinais de uma nova classe de partículas exóticas, formadas por
cinco quarks (pentaquarks).
O
experimento examinou uma partícula pesada, chamada lambda_b (Λb), que decai em
partículas mais leves, incluindo o familiar próton e o menos conhecido J/psi,
descoberto em 1974.
Os
lambda b decaíram em três partículas, um J-psi, um próton e um káon. A
descoberta consistiu em detectar estados intermediários durante esse decaimento,
sendo essas partículas intermediárias batizadas de Pc(4450)+ e Pc(4380)+. A
primeira é claramente visível como um pico nos dados, enquanto a segunda é
necessária para descrever os dados completamente.
Interpretações
Agora,
Tim Burns (Universidade Swansea, no País de Gales) e Eric Swanson (Universidade
de Pittsburgh, nos EUA), afirmam que os dados do LHC só podem ser compreendidos
se existir um novo tipo de matéria ainda não descrito.
A
maior parte da massa observável do Universo vem de partículas chamadas quarks,
que se combinam para formar os prótons e os nêutrons e um bando de outras
partículas que interagem muito mais fortemente do que os elétrons ou os
neutrinos, que são partículas elementares (não formadas por partículas mais
fundamentais).
Essas
partículas que interagem fortemente são conhecidas coletivamente como hádrons,
e são descritas por uma teoria chamada Cromodinâmica Quântica, ou teoria da
força forte. Embora essa teoria esteja chegando ao seu 50º aniversário, tem
sido notoriamente difícil discernir seu funcionamento interno.
"A
Cromodinâmica Quântica é a criança-problema do Modelo Padrão," disse
Swanson. "Aprender o que ela diz sobre os hádrons exige fazer os
computadores mais rápidos do mundo rodarem por anos, dificultando a resposta às
dezenas de perguntas que esse único experimento levanta".
A
saída então é fazer experimentos com hádrons e tentar interpretar corretamente
os resultados. É uma dessas interpretações que a dupla está sugerindo agora.
Os pentaquarks
estão na base da nova matéria. [Imagem: CERN]
Novo tipo de matéria
Até
recentemente, todos os hádrons podiam ser entendidos como combinações de um
quark e um antiquark, como o J/psi, ou combinações de três quarks, como o
próton.
Apesar
disso, há muito se suspeita que outras combinações de quarks são possíveis - o
que equivale a novas formas de matéria.
Então, em 2004 veio a descoberta de uma partícula chamada X(3872), que parece ser uma combinação de dois quarks e dois antiquarks. Várias novidades têm surgido desde então, embora nenhuma delas possa ser definitivamente identificada como novas combinações exóticas de quarks.
Os
dois físicos então juntaram todos esses resultados e elaboraram uma nova
explicação consistente que abarca todos eles em um único quadro conceitual -
essencialmente uma descrição teórica de um tipo de matéria que ainda não
sabemos como é.
"Temos
um modelo que explica os dados lindamente e, pela primeira vez, incorpora todas
as restrições experimentais," disse Burns. A teoria levanta a
possibilidade de que possam existir outros pentaquarks e que toda uma nova
classe de matéria esteja prestes a ser descoberta.
E,
melhor de tudo, o modelo indica que os pentaquarks estão bem no limiar para sua
detecção por outros laboratórios, o que poderá comprovar a teoria e abrir o
campo de pesquisas para descrever esse novo tipo de matéria, formada por
pentaquarks.
"Realmente
não há outra maneira de interpretar os dados - os estados pentaquark devem
existir," disse Burns.
Fonte: Inovação Tecnológica
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