Desvendando o mistério das galáxias satélites da Via Láctea

Os astrónomos resolveram um problema pendente que desafiou a nossa compreensão de como o Universo evoluiu.

Um análogo virtual do Grupo Local. Crédito: Projeto SIBELIUS 

A nossa Via Láctea é rodeada por uma série de galáxias satélites que exibem um alinhamento bizarro - parecem encontrar-se num enorme e fino plano de rotação - chamado "plano dos satélites".

Modelo cosmológico padrão

Este arranjo aparentemente improvável tem vindo a intrigar os astrónomos há mais de 50 anos, levando muitos a questionar o modelo cosmológico padrão.

Este modelo procura explicar a formação do Universo e como as galáxias que vemos agora formaram-se gradualmente dentro de "tufos" de matéria escura fria - uma substância misteriosa que constitui cerca de 27% do Universo.

Como não existe nenhum mecanismo físico conhecido que produza planos de satélites de longa duração, os astrónomos pensaram que a teoria da formação galáctica pela matéria escura fria poderia estar errada.

Peculiaridade cosmológica

A nova investigação da Universidade de Durham, realizada em conjunto com uma equipa internacional de cientistas, descobriu agora que o plano das galáxias satélites da Via Láctea é uma peculiaridade cosmológica.

Utilizando dados do observatório espacial Gaia da ESA, os investigadores recorreram a tecnologia de supercomputador para projetar as órbitas das galáxias satélites para o passado e para o futuro.

Viram o plano das galáxias formar-se e dissolver-se em algumas centenas de milhões de anos - um simples piscar de olhos no tempo cósmico.

Sistemas de satélites virtuais

Perceberam também que estudos anteriores baseados em simulações de computador não tinham tido em consideração as distâncias dos satélites em relação ao centro da Via Láctea, o que fez com que os sistemas de satélites virtuais parecessem muito mais redondos do que o sistema real.

Tendo isto em conta, encontraram várias Vias Lácteas virtuais que ostentavam um plano de galáxias satélites muito semelhante ao que é visto através dos telescópios.

Dizem que isto remove uma das principais objeções ao modelo padrão da cosmologia e significa que o conceito de matéria escura fria continua a ser a pedra angular da nossa compreensão do Universo.

Fonte: Astronomia OnLine

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