Mito ou verdade: pessoas poderão visitar Marte ainda neste século?
No filme Perdido em Marte, Matt
Damon vive Mark Watney, um astronauta esquecido pela sua equipe no Planeta
Vermelho. Lá, ele precisa sobreviver sozinho aos perigos do planeta.
É claro que a trama do filme de
Ridley apenas imagina como seria o dia a dia em Marte, já que um ser humano
nunca pisou lá, mas a produção fez muita gente se questionar: será que os seres
humanos poderão pisar em terras marcianas ainda no século 21?
A Nasa pretende pisar pela primeira vez em Marte no ano de 2034, enquanto a China deve enviar sua primeira missão tripulada um ano antes, em 2033 (Foto: Getty Images)
Esta é uma pergunta que já é
feita desde o século passado, quando o astronauta Neil Armstrong pisou na Lua
pela primeira vez, em 1969. Desde o feito, os profissionais da área passaram a
se perguntar qual seria o próximo passo na exploração espacial. A resposta mais
óbvia, é claro, seria visitar nosso planeta vizinho (localizado a 55 milhões de
quilômetros de distância, aproximadamente).
De lá para cá, a vontade de
conhecer mais do Planeta Vermelho vem motivando inúmeras iniciativas de
agências espaciais em todo o mundo. O bilionário Elon Musk, por exemplo, é um
dos grandes entusiastas do assunto. Por meio da sua empresa SpaceX, ele sonha
com a criação de uma cidade de um milhão de pessoas em Marte até 2050.
Além dele, países como os Estados
Unidos e China têm metas mais realistas. A Nasa pretende pisar pela primeira
vez no planeta em 2034, enquanto a agência espacial chinesa espera enviar sua
primeira missão tripulada um ano antes, em 2033. Os asiáticos, inclusive, já
debatem a construção de uma base permanente em Marte.
Dito isso, também é importante
entender: se já fomos para a Lua, o que nos impediu e ainda impede de ir para
Marte?
Complicações
Até hoje, cinco rovers da Nasa já
pousaram em Marte, incluindo Sojourner (1997), Spirit (2004), Opportunity
(2004), Curiosity (2012) e Perseverance (2020). Outras sondas, como da China e
da antiga União Soviética, também conseguiram pousar no planeta.
Para os humanos, porém, a tarefa
é mais difícil, já que Marte pode apresentar inúmeros desafios para a
tripulação de carne e osso. Entre as principais dificuldades estão:
Radiação solar: uma espaçonave
leva, em média, 9 meses para chegar à Marte. Até lá, os astronautas seriam
expostos a altos níveis de radiação nociva vinda do Sol, que pode desencadear
câncer, demência e cegueira.
Atmosfera: a atmosfera de Marte é
composta por 95,32% de gás carbônico, 2,7% de nitrogênio, 1,6% de argônio e
apenas 0,13% de oxigênio – a pressão atmosférica na superfície é mais de 100
vezes menor que a da Terra. Por isso, os humanos não poderiam respirar o ar
marciano livremente.
Temperaturas extremas: ainda que
Marte seja o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra por apresentar
variações climáticas, ele ainda pode apresentar temperaturas extremas. Na
estação mais fria as temperaturas chegam a -120?°C, enquanto no verão os
termômetros chegam a 20?°C. Além disso, o planeta também conta com as famosas
tempestades de areia, que podem chegar a 150 km por hora e durar por meses.
Bate-volta em Marte
A ida para Marte também implica
em questão técnicas e burocráticas, como os custos da viagem e o avanço das
tecnologias necessárias. No primeiro caso, por exemplo, o orçamento estimado de
uma viagem tripulada ao planeta pode chegar a US$ 500 bilhões.
Considerando que atualmente a
Nasa recebe um orçamento de "apenas" US$ 20 bilhões por ano do
governo dos EUA, a viagem poderia ser realizada por empresas privadas que não
dependem de dinheiro público, como a SpaceX, ou por outros países que também
estão investindo na exploração espacial, como a China.
O orçamento estimado de uma
viagem tripulada ao Planeta Vermelho pode chegar a US$ 500 bilhões.
Ao falarmos sobre as tecnologias,
os principais empecilhos são os quesitos de energia e combustível. Assim que os
astronautas pousarem no planeta, precisarão de algumas semanas para estudar a
região. E, para isso, será necessária energia suficiente para mantê-los lá,
certo? É aí que mora um dos problemas.
A energia solar utilizada para
dar um "gás" nos robôs em Marte, não poderia ser usada pelos humanos.
Isso porque as tempestades de areia frequentes diminuem a entrada de raios
solares no planeta e, consequentemente, os painéis solares não conseguiriam
fornecer energia suficiente para garantir a sobrevivência do grupo.
Outras preocupações técnicas são
o combustível para a viagem de volta (seriam necessárias 33 toneladas, que não
poderiam ser enviadas com a espaçonave devido ao peso) e a reentrada na Terra.
Chegando com uma velocidade de 43 mil km/h, o foguete provavelmente pegaria
fogo ao chegar na atmosfera terrestre.
Será possível colonizar
Marte ainda no século 21?
Após avaliarmos as várias
complicações da viagem, o caminho mais fácil é acreditar que não, não
conseguiremos pisar em Marte ainda neste século. Com o avanço da tecnologia
cada vez mais rápido, porém, é possível afirmar que temos, sim, chances de
conhecer o Planeta Vermelho antes do esperado.
Alguns pesquisadores têm visões
bastante otimistas sobre o assunto, como o caso de Serkan Saydam, vice-diretor
do Centro Australiano de Pesquisa em Engenharia Espacial e professor da
Universidade da Nova Gales do Sul. Para ele, a colonização humana de Marte será
possível dentro de algumas décadas.
Saydam explica que o primeiro
passo seria conseguir água do próprio planeta, que poderia ser extraída do gelo
ou de minerais hidratados. A partir disso, os astronautas poderiam começar a
cultivar alimentos. Para conseguir energia, ele sugere uso do hidrogênio do
gelo e de minerais do próprio solo marciano.
Por outro lado, alguns estudiosos
são mais pessimistas, alegando que a colonização de Marte ainda é improvável no
futuro previsível.
De qualquer forma, ainda não
temos uma resposta concreta para o questionamento sobre a ida de seres humanos
para Marte. Só nos resta acompanhar as atualizações das agências governamentais
e das empresas privadas para ter uma ideia de quando será o próximo grande
salto da humanidade.
Fonte: tecmundo.com.br
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