Os planetas gigantes têm um lado mortífero
Os
planetas gigantes gasosos podem ser agentes do caos, assegurando que nada vive
nos seus vizinhos parecidos com a Terra em torno de outras estrelas. Novos
estudos mostram que, em alguns sistemas planetários, os gigantes tendem a
expulsar os planetas mais pequenos da sua órbita e a causar estragos nos seus
climas.
Ilustração
que mostra como a gravidade dos planetas gigantes pode pôr em perigo
exoplanetas rochosos situados na zona habitável. Crédito: Dana Berry/Nat Geo
Creative
Júpiter,
de longe o maior planeta do nosso Sistema Solar, desempenha um importante papel
protetor. O seu enorme campo gravitacional desvia cometas e asteroides que, de
outra forma, poderiam atingir a Terra, ajudando a criar um ambiente estável
para a vida. No entanto, os planetas gigantes noutras partes do Universo não
protegem necessariamente a vida nos seus vizinhos mais pequenos e rochosos.
Um
novo artigo publicado na revista The Astronomical Journal explica em pormenor
como a atração de planetas massivos num sistema estelar próximo pode empurrar
os seus vizinhos semelhantes à Terra para fora da "zona habitável".
Esta zona é definida como o intervalo de distâncias, a uma estrela, que são
suficientemente quentes para que exista água líquida na superfície de um
planeta, tornando a vida possível.
Ao
contrário da maioria dos outros sistemas solares conhecidos, os quatro planetas
gigantes de HD 141399 estão mais longe da sua estrela. Este facto torna-o um
bom modelo para comparação com o nosso Sistema Solar, onde Júpiter e Saturno
também estão relativamente longe do Sol.
"É
como se houvesse quatro Júpiteres a atuar como bolas de demolição, atirando
tudo para fora de controlo", disse Stephen Kane, astrofísico da
Universidade da Califórnia, em Riverside, autor do artigo publicado na revista.
Tendo
em conta os dados sobre os planetas do sistema, Kane efetuou várias simulações
em computador para compreender o efeito destes quatro gigantes. Ele queria
especificamente olhar para a zona habitável deste sistema estelar e ver se uma
Terra poderia permanecer numa órbita estável.
"A
resposta é sim, mas é muito improvável. Existem apenas algumas áreas
específicas onde a atração gravitacional dos gigantes não faria com que um
planeta rochoso saísse da sua órbita e voasse para fora da zona", disse
Kane.
Enquanto
este artigo científico mostra que os planetas gigantes fora da zona habitável
destroem as hipóteses de vida, um segundo artigo, relacionado com este, mostra
como um grande planeta no meio da zona teria um efeito semelhante.
Também
publicado na revista The Astronomical Journal, este segundo trabalho examina um
sistema estelar a apenas 30 anos-luz de distância da Terra, chamado GJ 357.
Para referência, estima-se que a nossa Galáxia tenha 100.000 anos-luz de
diâmetro, pelo que este sistema está "definitivamente na nossa
vizinhança", disse Kane.
Estudos
anteriores descobriram que um planeta neste sistema, chamado GJ 357 d, reside
na zona habitável do sistema e foi medido com cerca de seis vezes a massa da
Terra. No entanto, neste segundo trabalho, Kane mostra que a massa é
provavelmente muito maior.
"É
possível que GJ 357 d tenha até 10 massas terrestres, o que significa que
provavelmente não é terrestre, pelo que não poderia ter vida nele", disse
Kane. "Ou, pelo menos, não seria capaz de albergar vida tal como a
conhecemos".
Na
segunda parte do artigo, Kane e a sua colaboradora, a bolseira de
pós-doutoramento em ciências planetárias da UCR, Tara Fetherolf, demonstram
que, se o planeta for muito maior do que se pensa, é certo que impedirá que
mais planetas semelhantes à Terra residam na zona habitável ao seu lado.
Embora
existam também alguns locais específicos na zona habitável deste sistema onde
uma Terra poderia potencialmente residir, as suas órbitas seriam altamente
elípticas em torno da estrela. "Por outras palavras, as órbitas
produziriam climas loucos nesses planetas", disse Kane. "Este artigo
científico é realmente um aviso, quando encontramos planetas na zona habitável,
para não assumirmos que são automaticamente capazes de albergar vida".
Em
última análise, o par de artigos mostra como é invulgar encontrar o conjunto
certo de circunstâncias para acolher vida noutras partes do Universo. "O
nosso trabalho dá-nos mais razões para estarmos muito gratos pela configuração
planetária particular que temos no nosso Sistema Solar", disse Kane.
Fonte:
Astronomia OnLine
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