Gravidade emergente: a nova teoria da física que pode ser um grande problema
Por todo o cosmos, onde galáxias,
estrelas e outros objetos extremamente massivos fazem sua dança, a gravidade
reina suprema. Mas e se dissermos que a gravidade, essa força onipresente que
mantém nossos pés firmemente plantados na Terra, pode não ser o que pensamos
até hoje que seja? Bem-vindo ao mundo intrigante da gravidade emergente.
Seria possível explicar as ondas gravitacionais utilizando a teoria da gravidade emergente? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)
Em 2009, o holandês Erik
Verlinde, respeitado físico teórico da Universidade de Amsterdã que estuda a
Teoria das Cordas, lançou as bases de uma ideia revolucionária: a gravidade não
é uma força fundamental (assim como são as forças nucleares fraca e forte e o
eletromagnetismo), mas sim uma manifestação que emerge — daí o termo
"emergente" — de processos microscópicos ocultos bem mais profundos
que, por enquanto, não sabemos ainda o que são.
Newton e Einstein podem
estar errados
Antes de tudo, é preciso lembrar
que a gravidade foi descrita de formas diferentes por Newton e Einstein. Para
Newton, a gravidade é uma força de atração instantânea entre objetos massivos,
enquanto, para Einstein, a gravidade é a manifestação da curvatura do
espaço-tempo causada pela presença de massa e energia.
Já na visão de Verlinde, a
gravidade seria uma consequência emergente do comportamento estatístico dos
microestados de partículas elementares, seguindo os princípios da teoria
quântica e da termodinâmica.
De forma simples, o que o físico
propõe em sua teoria é que, em vez de considerarmos a gravidade como uma
entidade autônoma, deve-se pensar na gravidade como resultado do movimento
coletivo de pequenos pedaços de informação, como se fossem pixels em uma tela
holográfica cósmica.
Para entender, basta pensar o
universo como um grande quebra-cabeça, sendo a gravidade uma das peças desse
quebra-cabeça. A teoria de Verlinde sugere que essa peça da gravidade se forma
a partir de muitas outras peças menores — como as interações entre partículas e
até mesmo a maneira como a informação é armazenada em todo o espaço. É como se
a gravidade fosse um efeito colateral de como o universo funciona em níveis
muito pequenos.
Testando a viabilidade
Teste da gravidade emergente em buracos negros mostrou problemas na teoria. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
A teoria de Verlinde baseia-se em
percepções anteriores de físicos teóricos como Stephen Hawking e Jacob
Bekenstein, que relacionaram propriedades dos buracos negros com as leis da
termodinâmica. Mas Verlinde foi além, aplicando conceitos da mecânica estatística
para descrever como a gravidade emerge desses processos subjacentes. Contudo,
como acontece com todas as grandes ideias, a gravidade emergente não está imune
a críticas.
Embora a proposta feita pelo
físico holandês tenha se saído bem em testes sobre a dinâmica de algumas
galáxias, outros estudos mostraram que a teoria da gravidade emergente precisa
de melhorias — ou até mesmo ir para a lata do lixo.
Um estudo recente, ao analisar um
buraco negro com base na proposta de Verlinde, lançou sombras sobre pontos
fundamentais da gravidade emergente ao descobrir que algumas das previsões
descritas pela teoria não se comportam como previsto pela termodinâmica,
minando assim sua base conceitual.
O fato é que precisaremos de mais
estudos para saber se essa nova proposta tem ou não fundamento. Se a teoria do
holandês estiver correta, a física como a conhecemos sofrerá um baque e muitas
regras precisarão passar por revisão, o que gerará muito debate e novas
considerações.
Fonte: megacurioso.com.br
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