Novas evidências de que o Universo pode ter o dobro da idade que pensávamos
Idade do Universo não bate
Uma imagem espetacular do
telescópio espacial James Web (JWST) do Universo profundo, a visão mais próxima
da sua origem no Big Bang, mostra uma densidade de galáxias muito maior do que
a esperada.
O aglomerado de galáxias SMACS 0723 visto em luz infravermelha média (esquerda) e no infravermelho próximo (direita) pelo James Webb. [Imagem: NASA/ESA/CSA/STScI]
Esse aglomerado de galáxias nas
origens do Universo é teoricamente impossível, a menos que presumamos que a
formação e a evolução inicial das estrelas e galáxias ocorreram muito antes do
que se supunha, ou que o Universo é muito, muito mais antigo, bilhões de anos
mais antigo do que pensávamos.
As observações do telescópio
espacial James Webb revelaram galáxias maciças e brilhantes com evolução
incompreensível em um Universo com idade estimada em cerca de 13,8 bilhões de
anos (ou giga-anos, Ga), de acordo com o modelo padrão Lambda-CDM (Λ-CDM) (Cosmological
Constant Cold Dark Matter - matéria escura fria com constante cosmológica). As
galáxias descobertas teriam de ser muito mais antigas do que o próprio
Universo.
Essas descobertas intrigantes nos
forçam a revisitar algo fundamental: Como contamos os anos cósmicos.
A idade das estrelas
Do mínimo ao máximo, se soubermos
a idade das estrelas mais antigas, teremos uma referência para a idade de toda
a galáxia e, se soubermos a idade de muitas galáxias, poderemos ter uma
referência para a idade total do Universo. Mas isso é tão relevante que temos
de ser muito cuidadosos com os métodos que usamos.
A nucleocosmocronologia tem sido
usada, por exemplo, para descobrir a idade do Sol (4,57 ± 0,02 bilhões de anos)
e da Via Láctea, mas também para descobrir quais foram as primeiras estrelas. O
método baseia-se na medição da quantidade de tório (232Th) e urânio (238U) que
as estrelas tiveram tempo de produzir.
Também é possível descobrir em
que fase elas estão calculando a quantidade de combustível (hidrogênio) que
consumiram e quanto lhes resta para sair da sequência principal, a fase inicial
de sua vida. Sabemos disso porque elas mudam de cor. Estrelas que estão
cromaticamente acima de um determinado nível de azul (conhecido como ponto de
virada) já terão saído da sequência principal, ficando avermelhadas e
aumentando de tamanho, enquanto estrelas mais avermelhadas e menores ainda são
jovens.
Conhecendo a idade de muitas
estrelas, podemos deduzir a idade dos aglomerados globulares. Agora, se a idade
do Universo é estimada em 13,8 Ga, temos que deduzir o tempo entre o Big Bang e
a formação do aglomerado e levar em conta um mínimo de tempo gasto em sua
formação. Com tudo isso, a idade dos aglomerados mais antigos não deve exceder
13,6 Ga.
Rajendra Gupta foi pioneiro ao apontar que a matéria escura não existe e o Universo é muito mais antigo do que a comunidade científica aceita hoje. [Imagem: Chil Vera/Pixabay]
A idade do Universo
Até o momento, os dados de vários
experimentos não foram agregados em um único modelo capaz de fornecer uma
escala de idade universal global e em todo o domínio do tempo. Tampouco existe
uma calibragem cruzada sistemática e robusta que compare os valores obtidos
entre os vários métodos usados. Portanto, é um verdadeiro desafio estabelecer o
limite de idade dos objetos no Cosmos, ou seja, encontrar o número máximo de
anos desde que eles foram formados.
Isso representa um enorme desafio
para restringir as idades dos objetos no Universo. Com os novos dados do James
Webb, não tivemos escolha a não ser começar do zero, sem levar em conta os
limites que havíamos estabelecido. Tivemos que olhar novamente, pensando que os
aglomerados, as galáxias e o Universo inteiro podem ser muito mais antigos do
que a física convencional havia estabelecido.
E foi isso que fizemos:
investigamos os aglomerados globulares sem levar em conta o limite inferior de
idade que foi estabelecido para eles. E temos novas evidências de que o
Universo é "mais velho" do que supúnhamos.
Novos dados reforçam: Precisamos de uma nova teoria da gravidade. [Imagem: Gerado por IA/DALL-E]
Idade ou aparência de
idade
A pesquisa de Rajendra P. Gupta,
da Universidade de Ottawa (Canadá), já havia soado o alarme. Seu trabalho dobra
a idade do Universo estabelecida atualmente. Gupta relata que ela deve ser 26,7
Ga, o dobro do que pensávamos.
Esse resultado explica a
existência e a formação de galáxias maciças quando o Universo, teoricamente,
ainda era jovem. Os resultados de Gupta resolvem o dilema apresentado pela
imagem do Universo profundo do telescópio espacial James Webb.
A abundância de estrelas
azuis
Nosso trabalho apresenta ainda
mais argumentos a favor de um Universo mais velho. Desenvolvemos um método mais
objetivo para determinar a idade com base na abundância de estrelas
retardatárias azuis (Blue Straggler ou BS) em aglomerados globulares. As retardatárias
azuis são estrelas que parecem ser mais jovens do que a idade do sistema
estelar ao qual pertencem. Nunca havia sido feita nenhuma tentativa de inferir
as idades dos aglomerados globulares usando esse método.
Em nosso trabalho, mostramos que
o surgimento e/ou a formação das estrelas retardatárias começa na origem do
aglomerado. Isso implica que o número de estrelas BS serve como um indicador da
idade do aglomerado.
Descobrimos que alguns
aglomerados tinham idades entre 14,7 e 21,6 Ga, inferindo um Universo com idade
em torno de 26 Ga, muito próximo dos 26,7 Ga, o valor deduzido pelo modelo de
Gupta.
Vários estudiosos têm questionado a existência da matéria escura, inclusive com dados observacionais. [Imagem: WMAP Science Team/NASA]
Sem necessidade de matéria escura
Há outros estudos que se alinham
com nosso resultado, como o que descobriu que as idades de algumas estrelas
muito antigas pobres em metais variam entre 13,3 Ga e 16,0 Ga.
Mas nossos resultados vão além: É
possível explicar a presença de galáxias maciças primitivas, aglomerados
globulares muito antigos e estrelas muito antigas sem a necessidade de levar em
conta a matéria escura.
Tudo isso reforça a necessidade
de uma revisão crítica dos modelos que preveem a existência de matéria escura e
da energia escura, bem como dos modelos já estabelecidos sobre a dinâmica do
Universo.
Precisamos criar novos modelos
que se ajustem e respondam ao que estamos observando.
Fonte: Inovação
Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!