Essa pode ser a misteriosa força que impulsiona a expansão do universo
Quando pensamos no Universo, muitos imaginam um espaço infinito e enigmático, com buracos negros sugando tudo ao seu redor. Mas e se eles não fossem apenas devoradores cósmicos? E se, na verdade, esses gigantes fossem responsáveis pelo aumento da vastidão do próprio espaço?
Recentes descobertas sugerem que os buracos negros podem ser a chave para a expansão acelerada do Universo. Uma ideia que soa tão intrigante quanto as profundezas de um buraco negro
Imagem da NASA de um buraco negro devorando matéria. (Centro de Voo Espacial Goddard da NASA/Jeremy Schnittman)
Uma Expansão Sem Freios:
De Relógios aos Céus Infinitos
Para muitas coisas na física, há
uma regra geral: o movimento desacelera com o tempo. Porém, o Universo parece
não seguir esse princípio. Desde o Big Bang, nosso cosmos continua se
expandindo e, ao contrário do que se esperava, essa expansão tem acelerado. A
causa? Algo conhecido como “energia escura”, um conceito que ainda desafia as
explicações tradicionais. Estima-se que essa força misteriosa compõe cerca de
70% de tudo que existe no Universo, embora ninguém saiba ao certo o que ela é.
Mas, alguns cientistas propõem
uma nova perspectiva: buracos negros supermassivos, ao invés de apenas absorver
matéria, podem gerar energia escura. Essa ideia foi sugerida pelo astrofísico
Kevin Croker, da Universidade Estadual do Arizona, ao observar que o
crescimento de buracos negros poderia estar ligado ao crescimento do próprio
Universo. Essa hipótese desafia antigas suposições sobre a energia escura e
reabre o debate sobre o papel dos buracos negros na expansão cósmica.
O Paradoxo da Gravidade
Extrema e da Expansão Cósmica
O enigma da expansão acelerada é,
na verdade, um quebra-cabeça composto de várias peças intrigantes. Depois do
Big Bang, houve um período breve, conhecido como inflação, onde o Universo se
expandiu em uma fração de segundo, crescendo de forma drástica. Depois, essa
expansão desacelerou, apenas para acelerar novamente há cerca de 5 bilhões de
anos, aparentemente impulsionada pela energia escura.
Ilustração representando as duas épocas distintas de expansão acelerada. (Coldcreation/Wikimedia Commons, CC BY-SA 3.0)
A gravidade, normalmente, age
como um freio no cosmos, puxando tudo para o centro. No entanto, onde
encontramos gravidade extrema atualmente? Nos buracos negros! Gregory Tarlé,
físico da Universidade de Michigan, sugere que, de certa forma, os buracos negros
poderiam funcionar como um “Big Bang reverso” ao converter matéria em energia
escura durante o colapso de estrelas massivas. A ideia de que essa “força
negra” pode ter um papel positivo na expansão universal soa como algo saído de
um romance de ficção científica.
Buracos Negros e o
Conceito de Acoplamento Cosmológico
Uma nova teoria, chamada
“acoplamento cosmológico”, sugere que os buracos negros estão ligados ao
próprio tecido do Universo em expansão. Essa teoria propõe que, à medida que o
Universo cresce, os buracos negros também aumentam em massa, e essa interação
entre o crescimento deles e a expansão do cosmos gera a energia escura. No ano
passado, estudos sobre galáxias inativas (galáxias que já queimaram seu
combustível estelar) apoiaram essa ideia, mostrando que buracos negros em
galáxias mortas ainda crescem, mas de uma forma que não poderia ser explicada
por processos tradicionais.
Esses achados apontam para a
existência de um elo entre a evolução dos buracos negros e a energia escura,
sugerindo que buracos negros podem converter matéria em uma forma de energia
que impulsiona a expansão do Universo.
Estudando o Nascimento dos
Buracos Negros e Sua Relação com a Energia Escura
A ideia de que buracos negros são
ligados à energia escura não se limita ao seu crescimento. Em um estudo
recente, Croker e seus colegas investigaram o nascimento de buracos negros
resultantes do colapso de estrelas massivas e compararam a quantidade de energia
escura gerada com o aumento da expansão cósmica. Os resultados indicaram uma
correlação: quando novas estrelas massivas colapsam e se tornam buracos negros,
a energia escura no Universo parece aumentar em proporção.
Essa descoberta sugere que, cada
vez que uma estrela massiva morre, ela não só gera um buraco negro, mas também
contribui para a quantidade de energia escura, de forma quase imperceptível,
mas cumulativa ao longo do tempo. Duncan Farrah, físico da Universidade do
Havai, explica que essa consistência torna mais plausível que buracos negros
sejam, de fato, uma fonte de energia escura.
O Mistério da Matéria
Perdida e a Expansão Cósmica
Uma das questões ainda não
resolvidas na cosmologia é a falta de matéria visível no Universo, uma questão
que desafia os cientistas há décadas. Mas, de acordo com a teoria do
acoplamento cosmológico, os buracos negros poderiam estar convertendo essa “matéria
perdida” em energia escura. Os cálculos indicam que a taxa de formação de
buracos negros coincide com a quantidade de matéria que não conseguimos
observar diretamente.
Esses resultados são promissores,
pois explicam não apenas a expansão acelerada, mas também a ausência de matéria
que deveria estar no Universo. Se a ideia se confirmar, os buracos negros podem
ser uma das forças fundamentais que moldam o cosmos, convertendo massa em
energia escura e permitindo que o Universo continue a se expandir de forma
acelerada.
O Futuro da Pesquisa em
Acoplamento Cosmológico
O que era uma teoria ousada há
alguns anos, agora começa a ganhar status de questão experimental. Segundo
Tarlé, se a hipótese de que buracos negros são fonte de energia escura estiver
correta, os próximos passos envolverão encontrar evidências experimentais que
comprovem essa relação.
À medida que novas tecnologias
permitem observar com mais detalhes os fenômenos cósmicos, poderemos descobrir
se os buracos negros realmente são heróis cósmicos que impulsionam a expansão
do Universo. Esta pesquisa foi publicada no Journal of Cosmology and
Astroparticle Physics, mas ainda há muito a se investigar.
Este é um momento crucial na
astronomia moderna, onde o entendimento sobre o cosmos pode dar um salto
significativo. Mais do que nunca, os buracos negros se mostram misteriosos, mas
também surpreendentemente fundamentais.
Fonte: hypescience.com
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