Ao contrário dos buracos negros, singularidades nuas podem ser observadas diretamente
Singularidades nua
Dois físicos indianos estão
propondo a existência de uma nova entidade cósmica, uma ideia inovadora que
pode mudar fundamentalmente a visão atual sobre o conteúdo do Universo - por
exemplo, descartando a necessidade da matéria escura - e potencialmente fornecendo
maneiras de investigar o Santo Graal da física, a gravidade quântica.
Comparações entre um buraco negro
e uma singularidade nua, ambos produtos finais de um colapso gravitacional da
matéria, dependendo das condições iniciais. [Imagem: Sudip Bhattacharyya]
Pankaj Joshi (Universidade de
Ahmedabad) e Sudip Bhattacharyya (Instituto Tata de Pesquisa Fundamental)
demonstraram matematicamente que o colapso gravitacional da matéria no início
do Universo pode ter dado origem a objetos pontuais incrivelmente densos, que
eles chamam de "singularidades visíveis" ou "singularidades
nuas", que poderiam ser responsáveis por uma significativa fração de
matéria invisível do Universo.
Quando nosso Universo se originou
em um evento explosivo, conhecido como Singularidade do Big Bang, os estados da
matéria em termos de temperaturas, densidades e outros aspectos eram extremos.
Seguindo uma proposta de 1966 de Yakov Zeldovich e Igor Novikov, Stephen
Hawking sugeriu em 1971 que devem ter havido "flutuações quânticas"
nessa fase inicial do Universo.
Quando suficientemente fortes,
essas flutuações em escala subatômica podem levar ao encolhimento gravitacional
e ao colapso de partículas de matéria de altíssima densidade ali presentes.
Seguindo essa linha, foi sugerido que isso criaria buracos negros primordiais
no Universo primitivo, que alguns físicos suspeitam que possam ser detectados
em planetoides e até em objetos comuns na Terra.
Um buraco negro é um objeto
cósmico previsto pela teoria da Relatividade Geral de Einstein. Ele não tem uma
superfície dura e sua matéria é quase infinitamente densa. Apesar de já ter
sido proposta a existência de singularidades expostas, tipicamente considera-se
que a matéria de um buraco negro, ou seja, a singularidade, está escondida
dentro de uma fronteira invisível, chamada horizonte de eventos, de dentro da
qual nada, nem mesmo a luz, consegue escapar.
Portanto, não é possível acessar
observacionalmente essa singularidade e menos ainda a região extrema dentro do
horizonte de eventos, o que leva os cientistas a considerarem que buracos
negros não são singularidades visíveis - as imagens de buracos negros que
obtemos por interferometria são na verdade imagens da silhueta dos buracos
negros.
Gravidade quântica e
matéria escura
Em sua nova pesquisa, os
professores Joshi e Bhattacharyya mostraram que o colapso gravitacional na fase
inicial do Universo também pode gerar singularidades visíveis, ou nuas, onde a
singularidade não é coberta por um horizonte de eventos. Assim, tais singularidades
primordiais nuas, diferentemente do caso dos buracos negros, poderiam ser
observacionalmente acessíveis.
E essa condição de gravidade
ultraforte oferece uma oportunidade única para investigar novos aspectos
fundamentais da física do Universo, incluindo a gravidade quântica. Na verdade,
ainda não sabemos se a gravidade é quântica ou não, mas considera-se que a
compreensão de uma muito provável gravidade quântica seja a última grande
fronteira da física, a partir de onde seria possível construir uma teoria
consistente envolvendo as duas grandes teorias da física do século XX: a teoria
quântica e a teoria da gravidade de Einstein.
Além disso, a presença das
singularidades nuas representaria um aporte de matéria hoje não considerada nos
modelos do Universo, o que poderia eventualmente até mesmo eliminar a
necessidade da hipotética matéria escura, já que uma parte significativa do Universo
poderia ser constituída por objetos pontuais quase infinitamente densos, as
singularidades nuas. Ou seja, essa possibilidade tentadora de haver
singularidades visíveis permeando o Universo pode mudar a visão atual sobre o
cosmos.
As singularidades nuas também
poderiam revelar a física da região extrema ao redor de uma singularidade, uma
região que é inacessível através dos buracos negros.
Inovação Tecnológica

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