O núcleo interno da Terra está desacelerando e mudando de forma
O núcleo interno da Terra,
há muito considerado uma esfera sólida e estável, pode ser bem diferente. Um
estudo recente sugere que sua superfície está passando por transformações
estruturais, questionando nosso conhecimento sobre essa região misteriosa.
Imagem: Argonne National
Laboratory / Flickr / CC 2.0
Ao analisar décadas de dados
sísmicos, pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia descobriram que a
superfície do núcleo interno parece se deformar sob a influência do núcleo
externo. Essas mudanças, observadas pela primeira vez, poderiam explicar
algumas variações na rotação do núcleo interno e até influenciar a duração dos
dias na Terra.
Um núcleo interno em
movimento
O núcleo interno, localizado a
cerca de 5.000 quilômetros abaixo da superfície, é tradicionalmente descrito
como uma bola sólida de ferro e níquel. No entanto, os novos dados mostram que
sua camada externa pode ser mais maleável do que se pensava. Essa descoberta
baseia-se na análise de ondas sísmicas provenientes de terremotos repetidos
perto das Ilhas Sandwich do Sul.
Os pesquisadores usaram técnicas
de resolução aprimoradas para estudar os sinais sísmicos. Eles observaram
anomalias nas ondas, sugerindo deformações na superfície do núcleo interno.
Essas deformações poderiam ser causadas por interações turbulentas com o núcleo
externo em fusão.
A influência do núcleo
externo
O núcleo externo, composto de
ferro e níquel líquidos, é conhecido por seu papel na geração do campo
magnético terrestre. Até agora, seu impacto sobre o núcleo interno era pouco
compreendido. O estudo revela que os movimentos turbulentos do núcleo externo
poderiam perturbar a superfície do núcleo interno, causando mudanças de forma.
Essas perturbações também
poderiam explicar a desaceleração gradual da rotação do núcleo interno
observada desde 2010. Embora essas mudanças sejam imperceptíveis na superfície,
elas poderiam influenciar a rotação global da Terra e a duração dos dias.
Rumo a uma melhor
compreensão do núcleo terrestre
Este estudo abre novas
perspectivas para entender as dinâmicas profundas da Terra. Os pesquisadores
esperam que essas descobertas permitam compreender melhor as interações entre o
núcleo interno e externo, bem como seu impacto sobre o campo magnético terrestre
e a geodinâmica.
Os resultados, publicados na
Nature Geoscience, destacam a necessidade de continuar as pesquisas para
explorar esses fenômenos. Dados adicionais poderiam revelar outros aspectos
inesperados dessa região ainda amplamente desconhecida.
Para saber mais: Como se
estuda o núcleo terrestre?
A observação direta do núcleo
terrestre sendo impossível, os cientistas usam métodos indiretos. A análise das
ondas sísmicas permite deduzir sua estrutura e composição. Ao atravessar
diferentes camadas, essas ondas são desviadas ou interrompidas, fornecendo
pistas sobre a natureza dos materiais encontrados.
Experimentos em laboratório
complementam essas observações. Ao reproduzir as pressões e temperaturas
extremas do núcleo, os pesquisadores estudam o comportamento das ligas de
ferro-níquel. Instrumentos sofisticados, como células de bigorna de diamante, permitem
explorar essas condições extremas.
Estudos sobre meteoritos também
enriquecem nosso conhecimento. Algumas provêm de asteroides diferenciados com
um núcleo metálico, semelhante ao da Terra. Sua composição química fornece
pistas sobre os elementos presentes nas profundezas terrestres.
Modelos numéricos desempenham um
papel essencial. Ao combinar dados sísmicos, experimentais e geoquímicos, eles
simulam as dinâmicas internas do núcleo. Essas simulações permitem refinar
nossa compreensão de seu papel na geração do campo magnético terrestre.
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