Um halo de rádio fantasmagórico acaba de mudar o que sabemos sobre o universo primitivo
Astrônomos usando o
conjunto de rádio LOFAR detectaram um vasto “mini-halo” de partículas de alta
energia ao redor do aglomerado de galáxias SpARCS1049, cuja luz viajou 10
bilhões de anos para chegar até nós.
Esta imagem impressionante revela um aglomerado de galáxias distante repleto de energia: galáxias brilham em luz visível (branca), nuvens vermelhas fantasmagóricas revelam um mini-halo de rádio recém-descoberto — o mais distante já detectado — e fios azuis traçam o gás quente que brilha em raios X. Crédito: Chandra X-ray Center (Raios X: NASA/CXC/SAO; Óptico: NASA/ESA/STScI; Rádio: ASTRON/LOFAR; Processamento de Imagem: NASA/CXC/SAO/N. Wolk)
A descoberta dobra o recorde de
distância anterior e mostra que aglomerados colossais são banhados por
partículas carregadas desde a juventude do universo.
Mini-Halo Discovery quebra
recorde
Astrônomos descobriram uma vasta
nuvem de partículas energéticas — um "mini halo" — ao redor de um dos
aglomerados de galáxias mais distantes já observados, marcando um grande passo
à frente na compreensão das forças ocultas que moldam o cosmos.
O mini-halo está a uma distância
tão grande que a luz leva 10 bilhões de anos para chegar à Terra, tornando-o o
mais distante já encontrado, dobrando a distância anterior conhecida pela
ciência.
A descoberta demonstra que
aglomerados inteiros de galáxias, entre as maiores estruturas do universo,
ficaram imersos em partículas de alta energia durante a maior parte de sua
existência.
Esse mini-halo consiste em
partículas carregadas e altamente energéticas no vácuo entre galáxias em um
aglomerado, que juntas emanam ondas de rádio que podem ser detectadas da Terra.
Processos energéticos em
aglomerados iniciais
Aceito para publicação no The
Astrophysical Journal Letters , com a versão pré-impressa do artigo publicada
no arXiv, as descobertas mostram que, mesmo no universo primitivo, os
aglomerados de galáxias já eram moldados por processos energéticos.
A equipe internacional de
pesquisadores por trás da descoberta foi coliderada por Julie
Hlavacek-Larrondo, da Universidade de Montreal, e Roland Timmerman, do
Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, no Reino
Unido.
Os pesquisadores analisaram dados
do radiotelescópio Low-Frequency Array (LOFAR), uma vasta rede de mais de
100.000 pequenas antenas que abrange oito países europeus. Ao estudar um
aglomerado de galáxias chamado SpARCS1049, os pesquisadores detectaram um sinal
de rádio fraco e disseminado. Descobriram que ele não emanava de galáxias
individuais, mas sim de uma vasta região do espaço repleta de partículas de
alta energia e campos magnéticos.
Estendendo-se por mais de um
milhão de anos-luz, esse brilho difuso é um sinal revelador de um mini-halo,
uma estrutura que os astrônomos só conseguiram observar no universo próximo até
agora. "É como se tivéssemos descoberto um vasto oceano cósmico, onde
aglomerados inteiros de galáxias estão constantemente imersos em partículas de
alta energia", disse Hlavacek-Larrondo.
Timmerman acrescentou: “É
impressionante encontrar um sinal de rádio tão forte a esta distância. Isso
significa que essas partículas energéticas e os processos que as criam vêm
moldando aglomerados de galáxias ao longo de quase toda a história do universo.”
Duas explicações prováveis
Há duas explicações prováveis por trás da formação do mini-halo.
Uma delas é que existem buracos
negros supermassivos no coração das galáxias dentro de um aglomerado, capazes
de ejetar fluxos de partículas de alta energia para o espaço. No entanto, os
astrônomos ainda estão tentando entender como essas partículas seriam capazes
de migrar para longe do buraco negro e criar uma nuvem tão gigantesca de
partículas, mantendo tanta energia.
A segunda explicação são as
colisões de partículas cósmicas. Isso ocorre quando partículas carregadas
dentro do plasma quente do aglomerado de galáxias colidem a velocidades
próximas à da luz, se desintegrando em partículas altamente energéticas que
podem ser observadas da Terra.
Esta nova descoberta fornece uma
visão rara de como eram os aglomerados de galáxias logo após sua formação,
dizem os astrônomos.
Isso não só mostra que os
aglomerados de galáxias foram infundidos com essas partículas de alta energia
por bilhões de anos a mais do que se sabia anteriormente, mas também permite
que os astrônomos estudem de onde essas partículas de alta energia vêm.
Isso sugere que buracos negros
e/ou colisões de partículas de alta energia vêm enriquecendo o ambiente dos
aglomerados de galáxias muito antes do esperado, mantendo-os energizados ao
longo de bilhões de anos.
Telescópios de última
geração e insights futuros
Com o desenvolvimento de novos
telescópios, como o Square Kilometer Array (SKA), os cientistas poderão
detectar sinais ainda mais fracos e explorar mais a fundo o papel dos campos
magnéticos, raios cósmicos e processos energéticos na formação do Universo,
dizem os astrônomos.
“Estamos apenas arranhando a
superfície de quão energético o Universo primordial realmente era”, disse
Hlavacek-Larrondo. “Esta descoberta nos abre uma nova janela para entender como
os aglomerados de galáxias crescem e evoluem, impulsionados tanto por buracos
negros quanto pela física de partículas de alta energia.”
Scitechdaily.com

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