Astrónomos seguiram a evolução de uma estrela moribunda ao longo de 130 anos
Pela primeira vez, os cientistas seguiram diretamente a lenta transformação de uma estrela moribunda ao longo de mais de um século - revelando que está a aquecer mais depressa do que qualquer outra estrela típica alguma vez observada.
Imagem a cores falsas de IC 418, obtida pelo Telescópio Espacial Hubble em 1999. Crédito: NASA, equipa do Legado Hubble (STScI/AURA)
A investigação, publicada na
revista The Astrophysical Journal Letters, rastreia 130 anos de mudanças na
nebulosa planetária IC 418, também conhecida como a Nebulosa do Espirógrafo -
uma concha brilhante de gás e poeira expelida por uma estrela moribunda a cerca
de 4000 anos-luz da Terra.
Reunindo observações que remontam
a 1893, quando os astrónomos registaram pela primeira vez a nebulosa através de
um telescópio, até aos dias de hoje, os cientistas descobriram que a
característica luz verde da nebulosa, emitida pelos átomos de oxigénio, se
tornou cerca de 2,5 vezes mais forte desde que os astrónomos vitorianos a
estudaram pela primeira vez.
Esta mudança está a ser
impulsionada pela subida da temperatura da estrela central, que aumentou cerca
de 3000° C desde 1893, ou seja, aproximadamente 1000° C a cada 40 anos. Para
comparação, o Sol aumentou o mesmo valor durante a sua formação, mas demorou 10
milhões de anos a fazê-lo.
No entanto, embora a estrela
esteja a aquecer mais depressa do que alguma vez se tinha observado, continua a
ser mais lentamente do que os modelos mais recentes previam. Isto desafia as
teorias atuais sobre a forma como as estrelas envelhecem e morrem, e pode
forçar os astrónomos a repensar as massas das estrelas capazes de produzir
carbono - o elemento essencial para a vida.
"Muitas vezes ignoramos
dados científicos obtidos há muito tempo. Neste caso, estes dados revelaram a
evolução mais rápida de uma estrela típica que foi observada diretamente. O
passado mostra que os céus não são tão imutáveis quanto pensamos", disse o
investigador principal, o professor Albert Zijlstra da Universidade de
Manchester.
Uma nebulosa planetária assinala
uma das fases finais da vida de uma estrela. À medida que o núcleo da estrela
se torna instável, liberta as suas camadas exteriores para o espaço. O núcleo
remanescente aquece rapidamente, energizando o gás e a poeira circundantes para
formar belas estruturas. No caso de IC 418, isto cria uma estrutura intrincada
e rodopiante, que lhe valeu a alcunha de "Nebulosa do Espirógrafo". O
nosso Sol terá o mesmo destino daqui a cerca de 5 mil milhões de anos.
Ao passo que as nebulosas
planetárias normalmente evoluem de forma lenta, os investigadores descobriram
que IC 418 está a evoluir depressa o suficiente para ser seguida durante uma
vida humana.
Isto faz com que seja a
transformação mais prolongada e rápida alguma vez registada numa nebulosa
planetária, e possivelmente em qualquer estrela.
A equipa examinou 130 anos de
observações de uma vasta gama de telescópios - desde medições a olho humano no
final do século XIX até às tecnologias avançadas de hoje. Verificaram,
calibraram e combinaram os dados antes de os compararem com modelos detalhados
de evolução estelar. Isto permitiu-lhes medir o ritmo de aquecimento da
estrela, determinar a sua massa atual e até estimar a massa da estrela antes de
começar a sua transformação.
As descobertas oferecem uma visão
rara de como as nebulosas planetárias evoluem e sugerem que o céu noturno pode
mudar muito mais depressa do que normalmente pensamos.
O professor Quentin Parker, da
Universidade de Hong Kong e coautor do artigo científico, afirmou:
"Pensamos que esta investigação é importante porque oferece evidências
únicas e diretas da evolução das estrelas centrais das nebulosas planetárias.
Vai levar-nos a repensar alguns dos nossos modelos atuais dos ciclos de vida
estelares.
"Tem sido um grande esforço
conjunto - recolher, verificar e analisar cuidadosamente mais de um século de
dados astronómicos e depois combiná-los com modelos de evolução estelar. É um
processo exigente que vai muito além da simples observação e estamos gratos
pela oportunidade de contribuir para o nosso campo desta forma".
Astronomia OnLine

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