Astrônomos em Colônia desvendam o mistério de um anel cósmico
A estrutura de gás e poeira
assemelha-se a um anel de diamante brilhante. Simulações computacionais e
observações feitas a bordo do "observatório voador" SOFIA agora
conseguem explicar esse formato peculiar.
Recorte de um grande mosaico obtido pelo Telescópio Espacial Spitzer e que mostra a estrutura "Anel de Diamante" no centro, estrutura esta que se situa na mais ampla região de formação estelar Cygnus X. Clique na imagem para ver a sua totalidade (nota: imagem com 12000 x 12028 e tamanho de 27,1 megabytes). Crédito: NASA/JPL-Caltech/Centro de Astrofísica | Harvard & Smithsonian
Uma equipe internacional liderada
por pesquisadores da Universidade de Colônia desvendou o mistério de um
fenômeno extraordinário conhecido como "Anel de Diamante" na região
de formação estelar Cygnus X, uma enorme estrutura em forma de anel composta de
gás e poeira que se assemelha a um anel de diamante brilhante. Em estruturas
semelhantes, as formações não são planas, mas sim esféricas. A origem dessa
forma peculiar era desconhecida até então. Os resultados foram publicados sob o
título "O Anel de Diamante em Cygnus X: um estágio avançado de uma bolha
em expansão de carbono ionizado" na revista Astronomy & Astrophysics.
O anel tem um diâmetro de cerca
de 20 anos-luz e brilha intensamente na luz infravermelha. É o remanescente de
uma antiga bolha cósmica que se formou pela radiação e pelos ventos de uma
estrela massiva. Ao contrário de outros objetos semelhantes, o "Anel de
Diamante" não possui uma camada esférica em rápida expansão, mas sim um
anel em lenta expansão.
“Pela primeira vez, observamos o
estágio final de uma bolha de gás desse tipo em uma estrutura de nuvem
nitidamente plana”, explica Simon Dannhauer, do Instituto de Astrofísica da
Universidade de Colônia, que liderou o estudo. “A bolha ‘estourou’, porque os
gases conseguiram escapar para as áreas mais finas ao seu redor. Tudo o que
restou foi o formato plano característico.”
Simulações computacionais mostram
que a bolha inicialmente se expandiu em todas as direções e, posteriormente,
escapou perpendicularmente à nuvem. O que restou foi a estrutura do "Anel
de Diamante" visível hoje. Estima-se que essa formação cósmica tenha cerca
de 400.000 anos – muito jovem em comparação com a vida útil de estrelas
massivas. Sebastian Vider, da Universidade de Colônia, realizou essas
simulações computacionais no novo supercomputador "RAMSES".
A bolha, composta de carbono
ionizado, foi inflada por uma estrela quente com massa aproximadamente 16 vezes
maior que a do nosso Sol. Essa estrela aquece o gás e a poeira até que eles
brilhem. Observações como essa são tecnicamente muito complexas e só foram
possíveis com a ajuda do observatório voador SOFIA (Observatório Estratosférico
de Astronomia Infravermelha).
Com o SOFIA, uma aeronave Boeing
modificada que voa a uma altitude de 13 quilômetros ou mais, os pesquisadores
conseguem observar uma faixa de comprimento de onda da luz inacessível da
Terra. Dessa forma, os pesquisadores puderam medir com precisão o movimento do
gás: o anel se expande a cerca de 1,3 quilômetros por segundo – o que
corresponde a aproximadamente 4.700 km/h, uma velocidade bastante lenta em
comparação com bolhas semelhantes.
A descoberta fornece informações
valiosas sobre como a radiação e os ventos de estrelas jovens moldam seu
ambiente e, portanto, também influenciam a formação de novas estrelas. "O
'Anel de Diamante' é um excelente exemplo de quão enorme pode ser a influência
de estrelas individuais em complexos de nuvens inteiros", diz a Dra.
Nicola Schneider, coautora do estudo. "Tais processos são cruciais para a
compreensão da formação de estrelas em nossa Via Láctea", continua o Dr.
Robert Simon.
No entanto, ainda há uma pequena
decepção para os românticos. O estudo também mostra que o que parece ser um
"Anel de Diamante" visto da Terra, na verdade, consiste em dois
objetos individuais. Parece que o "Diamante", um aglomerado de
estrelas jovens, é apenas parte do anel. Na verdade, ele está localizado a
algumas centenas de anos-luz à frente do anel.
Universidade de Colónia

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