Estudo identifica 400 enxames binários na Via Láctea

 As estrelas formam-se normalmente em enxames, enxames estes que também se podem formar aos pares ou em grupos. Os enxames binários são definidos como pares de enxames abertos estreitamente associados tanto em termos de posição como de cinemática. Fornecem informações sobre o modo como as estrelas se formam dentro de nuvens moleculares gigantes, tornando-os indicadores importantes da formação estelar e da evolução dos enxames.

O Enxame Duplo de Perseu, também denominado h e Chi Persei, ou com os números de catálogo NGC 869 (direita) e NGC 884 (esquerda), é o enxame binário mais famoso do céu. Crédito: Ron Brecher

Utilizando astrometria de alta precisão do satélite Gaia e aplicando critérios de seleção uniformes e rigorosos, investigadores do Observatório Astronómico de Xinjiang da Academia Chinesa de Ciências identificaram 400 candidatos a enxames abertos binários na Via Láctea; 268 destes foram recentemente divulgados. Os resultados, publicados na revista Astronomy & Astrophysics, fornecem um esquema unificado e estruturado para identificar e classificar enxames binários galácticos.

Os cientistas analisaram cerca de 4000 enxames abertos utilizando a astrometria e a cinemática do catálogo Gaia DR3. Estabeleceram um critério estatístico e quantitativo para a proximidade espacial e de velocidade e validaram-no contra amostras simuladas aleatórias. Usando esta estrutura, os investigadores identificaram 400 candidatos a enxames binários e classificaram-nos em três categorias: (1) enxames binários primordiais (conatais), (2) enxames binários de captura por efeitos de maré/captura ressonante, e (3) pares óticos (alinhamentos casuais).

Uma análise mais aprofundada mostra que 61% dos enxames binários candidatos são altamente consistentes em termos de idade e cinemática, apoiando a formação a partir da mesma nuvem molecular gigante, e 83% apresentam interações de maré significativas. A força da interação está claramente correlacionada com a separação espacial - quanto mais próximo o par, mais forte é a atração mútua e a perturbação.

Em geral, cerca de 17% dos enxames abertos estão atualmente em sistemas binários ou de múltiplos enxames e cerca de 10% formaram-se provavelmente como enxames binários primordiais. Estas percentagens estão bem alinhadas com estimativas teóricas e observacionais anteriores.

O cruzamento com enxames binários previamente reportados mostra que o método recupera uma grande fração de sistemas conhecidos. Apesar de critérios de seleção mais rigorosos, também acrescenta 268 enxames binários físicos recentemente identificados à amostra galáctica.

Este estudo sugere que a formação hierárquica de estrelas é um processo importante e fornece evidências observacionais fundamentais para os mecanismos de formação e evolução dinâmica de sistemas multienxame. Esta evidência apoia um cenário hierárquico e aglomerado de formação estelar em múltiplas escalas.

Astronomia OnLine

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