Que horas são em Marte? Físicos calculam o ritmo do tempo no planeta vermelho
Pela primeira vez, pesquisadores do National Institute of Standards and Technology (NIST) conseguiram responder com precisão a pergunta que há décadas intriga cientistas: que horas são em Marte? A resposta desmonta a ideia de que bastaria levar um relógio ao planeta vermelho para saber a hora local.
Os físicos calcularam que os relógios em Marte adiantam, em média, 477 microssegundos por dia em relação aos da Terra. O valor parece mínimo, menos de um milésimo do tempo de um piscar de olhos, mas em sistemas de comunicação e navegação, isso é um tempo imenso. Para se ter uma ideia, tecnologias como o 5G exigem precisão de até um décimo de microssegundo.
E as variações não param por aí.
A órbita excêntrica de Marte e a influência gravitacional do Sol, da Terra, da
Lua e até dos gigantes Júpiter e Saturno fazem esse adiantamento mudar ao longo
do ano marciano, podendo chegar a 226 microssegundos de diferença.
Os resultados foram publicados no
The Astronomical Journal e complementam um estudo do próprio NIST, publicado em
2024, que estabeleceu um plano para medir o tempo com precisão na Lua.
Por que é tão difícil
saber a hora em outro planeta?
Se alguém pousasse em Marte com
um relógio atômico, o aparelho continuaria funcionando normalmente. O problema
surge quando ele é comparado com um relógio idêntico na Terra. De acordo com os
pesquisadores, os dois começariam a se desencontrar.
A dificuldade não está em definir
um horário marciano, mas em entender como o tempo passa em relação ao tempo
terrestre porque envolve lidar com relatividade, gravidade e dinâmica orbital.
Em Marte a gravidade é cinco
vezes mais fraca que a da Terra, fazendo o tempo avançar ligeiramente mais
rápido. Além disso, a órbita é mais alongada, alterando a velocidade do planeta
ao redor do Sol e, com isso, a passagem dos segundos.
Por que isso importa para
o futuro da exploração espacial?
A questão não é teórica. Sem
entender o tempo em Marte, não há navegação nem comunicação confiável no
planeta, dois requisitos básicos para qualquer presença humana duradoura. Hoje,
mensagens entre a Terra e Marte sofrem atrasos de 4 a 24 minutos.
Uma sincronização de tempo entre
os planetas, por outro lado, possibilitaria uma “Internet do Sistema Solar”,
capaz de permitir comunicação quase instantânea, operações remotas, veículos
autônomos e futuramente bases marcianas conectadas em tempo real.
Entender o tempo é
entender o universo
Para os cientistas, os cálculos
abrem caminho para sistemas de navegação extraterrestres, equivalentes ao GPS
em Marte, na Lua e em outros corpos celestes. Por isso, saber pela primeira vez
como o tempo flui em Marte é uma expansão real do conhecimento sobre a física
do universo.
Com novas missões no futuro, os
cientistas enxergam o atual momento como algo histórico na exploração espacial.
E o primeiro passo desse futuro começa com algo que, na Terra, parece trivial:
acertar o relógio.
Msn.com

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